quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A FÉ QUE OPERA EM DIAS DE TREVAS

A FÉ QUE OPERA EM DIAS DE TREVAS


Nosso lema para 1970 foi baseado na declaração de Jeremias, no capítulo 32, verso 17: “Ah, Senhor Jeová ... não há nada demasiadamente difícil para Ti”. Esta declaração foi feita em circunstâncias de extrema dificuldade. Veja qual era a situação.
Jeremias estava sozinho na prisão, talvez numa masmorra. Seu ministério, após 40 anos, estava interrompido, talvez pessoalmente acabado. Jerusalém estava sitiada pelos Caldeus, e a ponto de ser tomada, e a terra conquistada e destruída. O povo estava prestes a ir para o cativeiro, e Jeremias sabia que seria por 70 anos.
Naquela situação de aparente desesperança, o Senhor falou a Jeremias que o seu primo Hanamel iria vir a ele, como o mais próximo parente que tinha o direito de resgate, a fim de lhe pedir que comprasse – redimisse – a terra da família, o campo em Anatote. Poderia ter sido um ótimo negócio para Hanamel, pois Jeremias provavelmente seria morto e o campo estaria perdido, se não fosse redimido. Talvez Hanamel não estivesse acreditando nas profecias fantasiosas de Jeremias e ainda acreditasse que a nação seria salva. Contudo, para Jeremias a realidade era outra; ele sabia que as suas profecias estavam para se cumprir. Comprar o campo seria uma insensatez, ou uma questão de fé. Ele prosseguiu com fé, e efetuou a transação meticulosamente, não deixando nenhuma dúvida sobre o direito de propriedade sobre a terra. Assim fez Hanamel, e o Contrato da Compra foi assinado, selado e firmado. Jeremias, por direito de resgate, era o proprietário de um campo que, por longos anos, ficaria sob o domínio de estrangeiros. Ele próprio sabia que nunca iria ocupar a terra. Estaria ele – talvez – encenando uma parábola que tinha um contexto muito mais amplo? Estaria o Espírito de Deus dando a Jeremias uma profecia? Haveria um outro Redentor em sua linhagem por trás desta transação de Jeremias, Um que iria redimir seu direito de herança, mas que teria que esperar por longos anos, enquanto o inimigo – o príncipe deste mundo – governasse sobre a terra? Estaria Jeremias apenas cedendo à pressão das circunstâncias?
Não, duas coisas conduziram sua ação. A primeira, Deus tinha falado a ele para comprar o campo, e o seu sonho e visão a respeito de Hanamel veio a acontecer. Segundo, suas profecias continham um intervalo no distante horizonte, 70 anos adiante, e aquilo era um raio de esperança na escuridão atual. Sua fé agiu em direção aquele raio de luz, e, não pensando em si próprio, ele agiu pela posteridade.

REAÇÃO
Jeremias foi provado. Ele parece ter saído vivo das implicações que tinha feito, e uma batalha ocorreu. Ele teve que pedir ajuda ao Onipotente Deus. “Ah, Senhor, Jeová, eis que Tu criastes os céus e a terra com o Teu grande poder, e com o Teu braço estendido; não há nada demasiadamente difícil para Ti.” Jeremias 32.17. Isto, seguramente, é um prenúncio da “fé no Filho de Deus.” Agora, há algumas lições valiosas para nós neste incidente:
Há tempos nos quais estamos tão seguros de que o Senhor têm nos conduzido por um certo caminho, para fazer algo, ou para um certo propósito. Isto vem a nós de forma muito viva e segura. Quando isso acontece, parece haver uma certeza real de que tudo vem do Senhor. Até mesmo aparecem os nossos Hanameis nessas horas. Fazemos o nosso compromisso, respondemos à chamada, e a fé segue conosco. Então, somos invadidos por forças contrárias, somos presos. Parece que os exércitos Caldeus nos cercam.
A tentação nos leva a pensar se por acaso não cometemos um engano. Uma batalha nas trevas é travada e toda a questão sobre a fidelidade de Deus é levantada. Quão verdadeiro para a história é o fato de que o povo do Senhor, e seus servos em particular, jamais podem tomar uma posição com Ele sem – mais cedo ou mais tarde serem provados severamente. A atitude de Jeremias deve estar em nossa mente. Ele agiu sem que qualquer interesse pessoal estivesse influenciando-o. Ele se anulou em sua ação, pois sabia que poderia não estar vivo para ver a redenção da terra. Sua fé não foi egoísta, mas olhou para muito além do seu período de vida. Isto foi um verdadeiro teste de que aquela fé era genuína. As dúvidas jamais enfraqueceram sua ação.
Talvez as muitas reações da dúvida sejam até permitidas, afim de provar a qualidade da fé. Uma masmorra e um exército inimigo são suficientes para provar a veracidade da visão. “Enquanto olhamos, não para as coisas que são vistas, mas para as que não são vistas”.
Jeremias tinha uma quantidade esmagadora de impossibilidades, o “demasiadamente difícil” é a sua situação aparente. Teria sido muito fácil, a qualquer momento, render-nos às condiões existentes. Cada servo de Deus, a quem tem sido dada a “visão celestial”, e que tem conhecido os “propósitos eternos”, tem, após um período de compromisso, e algumas corroborações encorajadouras, chegado a um tempo em que é severamente provado pelas circunstâncias, as quais os levam a muitos questionamentos. As condições mostram que a fé é vã; a vida irá passar por um desapontamento.
Pense sobre a visão de Pedro, João, Paulo, e então considere o estado das igrejas. Eles devem ter tido alguma visão que ofuscaram e transcenderam “as coisas que eram vistas”. Paulo disse: “...olhamos para as coisas que não são vistas.” “Coisas”, não imaginações, fazem a fé, mas coisas não vistas. Coisas “eternas”, e, como Jeremias, o horizonte de realização está além da presente hora. Quão fácil- para o nosso tempo presente – seria dizer que a Igreja está em ruínas irreparáveis; trabalhamos em vão , lançando nossas vidas por um ideal. Bem, os santos da antiguidade, os profetas, os apóstolos, e acima de tudo, nosso Senhor Jesus em sua humilhação, nos replicam. “A fé é o título de propriedade das coisas que não se vêem”. Jeremias com o Contrato de compra de Anatote obteve o seu direito. Jeremias ligou toda esta questão com o trono de Deus. Este é o refúgio daquele cuja fé está sendo provada. “Não há nada demasiadamente difícil para Ti”.
Devemos pedir ao Senhor que primeiramente purifique os nossos corações de qualquer interesse pessoal e motivações mundanas; e também que crucifique as ambições de nossas almas, e então nos capacitar a “comprar o campo” com toda confiança.
De Uma Testemunha e um Testemunho” Janeiro-Fevereiro, 1970.

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