sábado, 15 de agosto de 2009

Um pouco de Bálsamo, um pouco de Mel

Introdução

Jacó disse aos filhos quando vol¬tavam ao Egito para buscar alimento: "levai de presente a esse homem um pouco de bálsamo e um pouco de mel"
Não creio que esta atitude de Jacó tenha sido movida por ura impulso ou por mera intuição. Por sua experiência e conhecimento da natureza humana, ele concluiu que o governador do Egito precisava de um pouco de bálsamo e um pouco de mel.
Analiticamente, um pouco de bál¬samo e um pouco de mel podem ser apenas palavras. Elas podem se trans¬formar em armas usadas para menos¬prezar, desanimar e destruir sonhos. Por outro lado, podem ser doces, amáveis, ao ponto de produzir alegria, prazer, auto-estima positiva e motivar para a vida - principalmente em momentos de crise. Isto é o que acontece com a Pala¬vra de Deus. As suas declarações en¬tram pelos nossos ouvidos e chegam ao coração como um bálsamo curando as pequenas e grandes feridas, e, como o mel, alimentando a alma e saciando todo o ser.
As duras experiências da vida, muitas vezes, nos ferem com uma pro¬fundidade tal, que o processo de cura é muito doloroso. Há ocasiões em que nenhum alívio acontece, e a ferida per¬manece lá, encoberta por algum meca¬nismo psicológico. Dura, camuflada, parece sem ação, mas isto não é verda¬de, pois ainda dói, contamina e traz amargura à vida.
Quero compartilhar com você al¬gumas situações em que, estando meu coração ferido e endurecido, Deus falou comigo, trazendo-me a cura e restaurando-me a doçura própria daqueles que vivem na Sua presença.
Aprendamos com Deus a curar e a adoçar a vida dos que nos rodeiam. As dores são comuns, mais ou menos in¬tensas, mas todos as sofrem. Assim como Jacó, devemos perceber e detectar as necessidades dos outros, aplican¬do neles um pouco de bálsamo e alimentando-os com o doce mel da presença de Deus em nós. Oremos para que Deus nos cure mas, muito mais, para que nos ajude a curar e alimentar. Assim como Jacó, podemos ser a provisão de Deus para muitos que, à semelhança de José, o governador do Egito, necessitam de um pouco de bál¬samo e um pouco de mel.







Capítulo 1

Uma Palavra de Deus ao nosso Coração


No início dos anos 90, vivi um momento de muita luta na minha vida. Não era nada pessoal, mas eram lutas concernentes ao peso ministerial, às car¬gas e as muitas coisas com que estamos comprometidos. Estas são lutas que nem sempre são as nossas lutas, mas que podem deixar seqüelas, e, naquela ocasião, uma pontinha de amargura havia nascido no meu coração por cau¬sa de um colega.
Eu já contei isso, há muito tempo, para algumas pessoas. Certas declara¬ções foram colocadas de forma maldo¬sa, e acabaram virando uma coisa maldita... O sofrimento interior que o episódio me causou exigia uma repara¬ção, um consolo, e a aplicação de ura remédio que me aliviasse as feridas da alma, ao mesmo tempo que me fortale¬cesse para a batalha que travamos no caminhar cristão.
No calor daquela situação, tive mui¬ta dificuldade de perdoar esse colega, mesmo sendo eu uma pessoa que geral¬mente não consegue guardar rancor. Por natureza e treinamento, não deixo que se acumule lixo de amargura e ressentimen¬to no meu coração. Mas, a peculiaridade daquela hora produziu um efeito indesejado: eu fiquei com o coração trancado. Isto infligiu-me um sofrimento adicio¬nal pois, quando você não consegue guardar rancor, o dia que o seu coração não se abre, e fica fechado pela mágoa, é uma luta interior muito grande.
Passando por aquela luta, certa noite eu orei, e Deus me deu esse versí¬culo em Gênesis 43:11:

"Respondeu-lhes Israel, seu pai: Se é tal, fazei, pois, isto: tomai do mais precioso desta terra nos sa¬cos para o mantimento e levai de presente a esse homem: um pou¬co de bálsamo e um pouco de mel, arômatas e mirra, nozes de pistácia e amêndoas".

Foi ura alívio para o meu coração. Deus aplicou o Seu bálsamo e me con¬cedeu a cura para a rachadura emocio¬nal que me fazia sofrer. E fez mais: restaurou-me a doçura da vida cristã, com o doce mel que a Sua Presença des¬tilou em minha vida.
Como resultado, a partir dessa minha experiência pessoal, preguei uma importante mensagem sobre este tema, quando o nosso templo ainda estava si¬tuado na Rua Francisco Glicério, bem no centro de Campinas, a poucas quadras de onde estamos instalados hoje.
Mal sabia que aquela provisão es¬pecial de Deus para mim iria ser imedi¬atamente repartida também em atos - pois a palavra sobre o tema já havia sido compartilhada no culto.
Quando voltava para casa, se não me engano, era uma terça-feira. Sempre deixo o rádio do meu carro sintonizado somente em uma mesma emissora. (Eu sou pessoa de "uma coisa só" - isso é temperamento, é jeito. Eu só ouço uma emissora, eu sou assim, é o meu jeito.) Ouvi, então, a notícia de um crime acon¬tecido na cidade de Nova York. Até aí, nenhuma surpresa ou novidade, pois aquela metrópole americana era então conhecida também pela sua violência.
Um detalhe, entretanto, chamou--me a atenção: o delito havia sido cometi¬do por um brasileiro. Curioso, fiquei atento à notícia, Qual não foi a minha surpresa ao reconhecer o nome que o repórter citava - um nome que soou fa¬miliar ao meu ouvido. A minha memó¬ria imediatamente saltou para um outro compartimento.
Um filminho - como se fosse um videoteipe - passou na minha cabeça, relembrando cenas registradas muitos anos antes, quando a mãe daquele jovem que estava sendo citado me procurou. Ela era uma mulher sofrida, deixada pelo marido, um pastor evangélico que a aban¬donou com o filho. Essa mãe me procu¬rou com o menino - na época uma criança que devia ter uns seis anos -, e me falou das dificuldades que enfrentava.
A aproximação que aconteceu a partir daquele aconselhamento permi¬tiu-nos acompanhá-los, mãe e filho, nos anos seguintes. A partir daí, caminha¬mos, razoavelmente perto e longe, ao mesmo tempo - porque já havia muitos anos que moravam nos Estados Unidos.
Quando aquela notícia bateu no meu coração, fui para o computador buscar notícias na internet - eu não sei lidar bem com o computador, mas mi¬nha filha abriu o programa adequado para mim - e vi que a fotografia exibida na página de notícias era dele mesmo.
Aquela foi uma noite longa, muito longa. Mais uma vez, Deus firmou o meu coração na Sua Palavra, restaurando-me uma alegria que havia sido roubada pelas circunstâncias infelizes na vida de pessoas que eu conhecia.
Tentei falar com a mãe e com os avós, que são uns crentes maravilhosos - não há outro termo para descrevê-los.
Eu queria fazer alguma coisa, mas o telefone de ambos estava bloqueado ou eles o tiraram do gancho.
Naquela noite eu fiquei inquieto -fui para a cama e não dormi. E de novo me veio a palavra de Gênesis 43:11 para aliviar o meu coração.
O uso que vou fazer deste texto de Gênesis 43:11 - segunda parte - é com¬pletamente fora do meu jeito de ler a
Bíblia. Mas, há muitos anos, como tes¬temunhei, Deus me deu esse texto como uma mensagem especial de ânimo e con¬forto.


O HOMEM A QUEM
JACÓ QUERIA PRESENTEAR
Precisamos entender, primeiramen¬te, que Israel era o outro nome dado por Deus a Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão. Homem sofrido, Jacó amar¬gava uma velhice de tristeza, pois acre¬ditava que seu filho predileto, José, estava morto. Enviara seus outros filhos - exceto o novo caçula, chamado Benja¬mim, que nascera após o desapareci¬mento de José - à terra do Egito.
A viagem era motivada por uma grande fome que se espalhara sobre a terra, mas havia notícias vindas de toda parte de que o Egito possuía alimentos de sobra - graças à genialidade e es¬pantosa capacidade de seu governador, um homem chamado Zafenate-Panéia (em verdade, este era o nome egípcio que Faraó dera a José, ocultando-lhe, assim, a origem hebraica, conforme re¬gistra Gênesis 41:45).
Jacó estava mandando presentes a um homem, Zafenate-Panéia, a quem ele queria honrar. Um homem cujo nome significava "Deus fala e está vivo", go¬vernador da nação mais próspera da¬quela época, o Egito. Porém, o que Jacó não sabia, é que este homem do Egito, na realidade, era seu filho José - aque¬le que ele acreditava estar morto.
José havia sido vendido como es¬cravo, muitos anos antes, por seus pró¬prios irmãos - e eles mentiram ao pai, dizendo que o irmão havia sido ataca¬do e morto por um animal. Esses irmãos mais velhos tinham muito ciúme do jo¬vem José, despertado pela predileção do pai em relação a este filho mais novo, conforme podemos ler na Bíblia no livro de Gênesis 37:3-4:

"Ora Israel amava mais a José que a todos seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo, pois, seus irmãos, que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente".

O jovem hebreu traído pelos ir¬mãos havia sido levado como escravo ao Egito, onde enfrentou situações ad¬versas, até ser colocado por Deus como o governador da nação, uma das princi¬pais autoridades daquele tempo.
Pai e filho estavam afastados e fe¬ridos pela vida. Jacó, pela "perda" do filho. José, pela "perda" da casa pater¬na. Ambos precisavam de bálsamo e mel. José era egípcio ou judeu, depois de tanto tempo? Suas raízes estavam enfraquecidas, pois vivia em um país distante da casa paterna. Casara-se com uma mulher egípcia, filha de um sacer¬dote pagão.
Os filhos que lhe nasceram dessa união nos fornecem a dimensão da sua vida naquele momento, pois colocou-lhes nomes que relembravam a sua tra¬jetória de vida (Gênesis 41:50-52):

"Antes de chegar a fome, nasce¬ram dois filhos a José, os quais lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. José ao primogênito chamou de Manasses, pois disse: Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos, e de toda a casa de meu pai. Ao se¬gundo chamou-lhe Efraim, pois disse: Deus me fez próspero na terra da minha aflição".

José era um homem aparentemen¬te ajustado à sua nova realidade. Deus o fizera esquecer do passado bom - " a casa do pai" - mas também de todas as suas dores - "a traição dos irmãos" e outros episódios semelhantes. Ainda mais, considerava-se próspero, ainda que vivendo em uma terra que ele cha¬mava de "terra da minha aflição".
Entretanto, Jacó estava receitan¬do um remédio para a cura de feridas e fortalecimento de sua vida:
— Levem bálsamo e mel para este homem.
Ele o chama - "este homem" -, pois não sabia que se tratava do seu filho José, dado como morto.
— Levem para este homem um pouco de bálsamo e um pouco de mel.
Jacó, ferido, receita ao "homem do Egito" aquilo de que ele próprio estava precisando.


AFINAL, O QUE É BALSÁMO?
O bálsamo era o remédio univer¬sal, sendo inclusive levado pelos solda¬dos para o campo de batalha, caso fossem feridos, para amenizar as dores. Aplicavam o bálsamo esperando a cura de um ferimento, ou como alívio diante da morte aguardada.
Nas cerimônias do Tabernáculo eram empregados bálsamos santos, compostos de mirra, cássia, cinamomo, cálamo e azeite de oliveira (conforme a descrição de Êxodo 30:25). Era uma fórmula dada por Deus a Moisés. Mas os ungüentos comuns, utilizados em toda a região da Palestina eram com¬postos de uma mistura de azeite com substâncias aromáticas. Eram conside¬rados como os modernos perfumes - mas o bálsamo era algo mais valoroso e medicinal.
Os judeus davam grande importân¬cia a ele, a ponto de a Bíblia referir-se a um lugar especializado em sua fabrica¬ção: Gileade. O bálsamo de Gileade era assim chamado porque a sua substân¬cia era produzida a partir da resina de uma árvore daquela região (Gênesis 37:25, Jeremias 8:22, 46; 11). O seu valor era tão grande, tão precioso, que o produto era trocado por duas vezes o seu peso em ouro.


POR QUE O MEL É TÃO IMPORTANTE?
Mel era o alimento universal, a fon¬te de energia natural para sustentar a força de qualquer um que estivesse in¬capacitado para caminhar, para viajar, ou para entrar no campo de batalha. Enquanto o bálsamo recuperava o feri¬do, o mel fortalecia o são.
Como curiosidade, por estar sujei¬to à fermentação, não se podia usar mel nos sacrifícios queimados ao Senhor em cima do altar (Levítico 2:11). Neste sen¬tido, os homens não podiam ofertá-lo ao Senhor, constituindo-se em uma dá¬diva exclusiva de Deus para os homens — a ponto de a Terra de Canaã ser des¬crita como terra onde manava leite e mel (Êxodo 3:8,17).
Bálsamo e mel são palavras de Deus ao coração do homem. São as consola¬ções do Espírito Santo que o Senhor
Jesus, o Bom Pastor, aplica em nós, Suas ovelhas. Eles cicatrizam as nos¬sas feridas e fornecem o alimento espi¬ritual que fortalece a nossa alma. O alívio do bálsamo e a doçura do mel são pro¬visões que só Deus pode conceder-nos.

















Capítulo 2

Situações pessoais muito complicadas


CRÔNICA DE UM DIA
"Um pouco de bálsamo, e um pou¬co de mel." Quem não precisa, de vez em quando, dessa provisão? As coisas da vida ferem milhões de pessoas. O pecado provoca chagas que somente o bálsamo divino pode curar.
Multidões arrastam-se pelas ruas da vida moderna como que clamando (Jeremias 8:21-22):

"Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; estou de luto; o espanto se apoderou de mim. Acaso não há bálsamo em Gileade? ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da fi¬lha do meu povo?".

Nós não concordamos com erros e nem com pecados, somos como Jesus: cuidamos dos pecadores. O que é a Igre¬ja, a não ser um amontoado de pecado¬res que quer encontrar o caminho? Não somos nós isto, também? Uma multi¬dão de pecadores tentando acertar o caminho, clamando por bálsamo e mel? Aos olhos de Deus, pecado não tem ad¬jetivo - é pecado. Tomar uma agulha de alguém, ou tomar um automóvel, aos olhos de Deus tudo é a mesma coisa.
Só que a minha situação compli¬cou naquele dia: minha esposa não saiu da cama, porque nessa época de frio, a asma vinha atacá-la. Ela passou o dia todo recolhida, tentando repousar, en¬frentando sua aflição física. Mas eu ti¬nha um compromisso muito importante à noite, e eu fui cumprir esse compro¬misso - porque de fato essa pessoa é muito importante para mim. Essa pes¬soa tem doze anos, eu gosto muito dela, é muito importante para mim. Era o seu aniversário, e eu não podia deixar de levar-lhe o meu abraço.
Eu voltava para casa, passei no supermercado para comprar umas coisinhas que faltavam. Na divisa dos mu¬nicípios de Campinas e Valinhos, em frente à EPTV, uma estação local de TV afiliada a uma grande rede, estava o car¬ro de resgate do Corpo de Bombeiros. Presente, também a polícia, exatamente no canteiro central entre as duas pistas da avenida. Naquele momento, com a ja¬nela do carro fechada, ar aquecido, o Es¬pírito Santo falou algo ao meu coração.
Na hora em que passei, não sabia quem era a pessoa vitimada. Eu estava dentro do carro, dirigindo, e pude ape¬nas concluir, rapidamente, pelo estado do corpo, que a vítima havia falecido. Mas antes de chegar na altura do próxi¬mo retorno, Deus disse ao meu cora¬ção: "Volta! Volta!"
Ouvi claramente a palavra:
— Volta!
Eu não questionei, e retornei. En¬quanto voltava, a parábola do Bom Samaritano passou na minha cabeça. O trecho de retorno era curtinho, acho que cerca de 500 metros. Mas, nesse peque¬no espaço, Deus disse:
— Aquela mulher tem filhos. Es¬ses policiais são gente. Como é que um pastor passa por uma pessoa morta e vai para casa?
E o acidente era recente, tendo acontecido momentos antes.
Encostei o carro, desci, e aproxi¬mei-me dos policiais que logo me cerca¬ram. Eu disse:
— Boa noite, eu sou pastor, e moro logo ali adiante e estou vendo esta cena. Há alguma coisa que eu possa fazer?
Um policial me disse:
— Muito obrigado, não há nada que você possa fazer, mas agradecemos a sua atitude, porque já passaram por aqui uns cem carros, mas ninguém pa¬rou...
O meu carro também iria continu¬ar passando, se o Espírito de Deus não houvesse falado ao meu coração. Se Deus não "me pega pela orelha", ali an¬tes do retorno, eu estaria continuando no caminho para casa, para fazer um sanduíche de presunto e queijo, tomar uma Coca-Cola.
Retomando o caminho, enquanto voltava para casa, emocionado, coração muito sensível, chorando, eu disse ao Senhor:
— Ó Deus, ponha de novo no meu coração um pouco de mel, e um pouco mais de bálsamo.
Porque a vida vai nos embrutecendo, e vamos nos acostumando com o sofrimento, com as feridas abertas, com o fel do cotidiano, se não recebermos o remédio adequado.


NECESSIDADE DE RENOVAÇÃO
Um amigo meu trabalhava numa faculdade de Medicina aqui em Campi¬nas, e a função dele era tirar um órgão, um membro do cadáver, uma parte do corpo que fosse necessária para as au¬las de anatomia. Certa ocasião eu lhe perguntei:
— O que você sente?
Ele respondeu de pronto:
— Nada, eu me acostumei. No co¬meço eu tinha uma grande dificuldade. Mas, agora, é o meu trabalho. Eu tiro um braço, uma cabeça, uma perna. Eu abro o abdômen, tiro um fígado, um rim, e levo para os alunos. Eles precisam do órgão para estudar e o meu trabalho é tirar e dá-lo para eles. Eu já me acostu¬mei a este trabalho.
Quando cheguei em casa, coloquei o carro na garagem, fui orar:
— Deus, eu não quero me acostu¬mar, me conformar com o sofrimento, a ponto de me tornar insensível. Mas, tam¬bém não quero ser destruído pela dor, ter minha esperança apagada, perder o ardor pela vida. Ponha de novo no meu coração um pouco de mel, derrama de novo o Teu bálsamo, ponha no meu co¬ração um pouco mais de doçura.
Não podemos deixar a vida ficar cheia de fel, porque é fácil o mel virar fel. Você deve lembrar-se de uma época em que já foi mais doce do que é agora. E, às vezes, deixou o seu mel virar fel, e perdeu a doçura, essa doçura que Jesus põe na vida do crente. Alguém o ma¬goou uma vez, o feriu duas, três vezes, e você ficou amargo, e com a vida cheia de fel. Quando alguém o maltrata, tira o sabor da sua vida. E se alguém vem conversar, você destila esta amargura, contaminando o outro.


CENAS DO COTIDIANO
Por exemplo, no seu contexto, Gê¬nesis 43:11 representa uma família cheia de amargura e traição. Ali estava um pai demonstrando sua predileção por um dos filhos, porque o grande pro¬blema desta família é que José era a "menina dos olhos" do pai.
A Bíblia está cheia de histórias as¬sim - de situações que geram pessoas amarguradas. Ela não esconde os fracas¬sos dos seus heróis. Um irmão mata o outro - Caim mata Abel. Jacó era o pre¬dileto da mamãe; Esaú, o do papai. E, às vezes, a amargura entra na nossa vida sem que a gente perceba. De repente, co¬meçamos a usar frases assim:
— Não suporto fulano.
— Só de ficar perto dele, eu me sinto mal.
— É estar ao lado dela, e eu me ar¬repio.
Os filhos de Jacó estão voltando a segunda vez para o Egito - este é um texto histórico, clássico. Jacó, idoso, tem aquilo que um homem em geral não tem, mas que mulher tem: sensibilida¬de - não é esse negócio de "sexto senti¬do", pois isso me parece meio esotérico. Jacó tem percepção de que aquele ho¬mem do outro lado tinha algumas necessidades. Ao preparar a carga que se¬ria levada ao Egito, ele ordena aos fi¬lhos:
— Ponham na bolsa desse homem um pouco de bálsamo, um pouco de mel.
Estas são duas coisas que o Espí¬rito Santo precisa aplicar nas nossas vidas para não perdermos o rumo, para não embrutecermos diante dos sofri¬mentos que nos atingem direta ou indi¬retamente.
Deus trabalhou comigo naquela madrugada, quando ouvi a notícia da¬quele jovem preso nos Estados Unidos. Eu vejo cenas iguais àquelas todos os dias na televisão. Aliás, vejo até piores! De vez era quando, você pega a notícia internacional, que diz: Os judeus entra¬ram na vila tal e mataram 34 pessoas. Ou: O homem-bomba entrou no restau¬rante tal, explodiu e matou 17. E então você muda de canal para ouvir sobre a economia com o Bóris Casoy, para saber que muita coisa continua recebendo o mesmo bordão: "Isto é uma vergonha!".
Você é capaz de ver uma cena cho¬cante, e permanecer insensível, como disse certa matéria da revista semanal
VEJA, uma ocasião, que mostrava uma mãe palestina e uma mãe judia, cuja manchete era: A dor não tem pátria.
Muito se fala que devemos amar Israel incondicionalmente. Isto signifi¬ca apoiar todos os atos dessa nação? Os palestinos são filhos do diabo, por acaso? Quer dizer que, tudo o que o Estado de Israel faz está certo?
Vamos anestesiando a nossa mente e somos capazes de ler a notícia de um crime horrível - porque todo crime é horrível, mas há alguns que são mais - e permanecermos insensíveis. Mudamos de imediato a nossa atenção para outra página do jornal, e vamos ver qual é a escalação da Seleção. E falamos:
— O técnico da seleção não enten¬de nada de bola! Quem devia jogar aqui nesta posição não é o Ronaldinho, mas o Ronaldão.
E numa página ao lado está escri¬to: Mãe, numa crise, mata os filhos. ou: Filho perde a cabeça e mata os pais.
Jacó, quando vai fazer a mochila para levar para o Governador do Egito, que ele não sabia ser José, o filho desa¬parecido, disse:
— Levem para esse homem um pouco de bálsamo, um pouco de mel.
Porque parece que a atitude deste "homem do Egito" tem alguma coisa de amargura, de um homem ferido, de um homem doente da alma.
— Levem para ele um pouco de bálsamo e um pouco de mel.

APLICANDO O BÁLSAMO E O MEL
Você não acha que estamos preci¬sando passar um pouco de bálsamo e um pouco de mel no nosso coração? Eu acho... É mais do que isso: eu tenho certeza! Bálsamo é aquilo que tira a dor. Havia ura famoso aqui no Brasil, não sei se ainda tem, no tempo em que eu rachava a minha canela jogando fute¬bol ou correndo. Era o bálsamo de bengüê. Para que ele servia? Para tirar a dor após uma pancada. Era o gelol de antigamente.
Bálsamo é um elemento que tira a dor, que cicatriza a ferida. Você não acha que o seu próprio coração está preci¬sando de bálsamo? Que existem algu¬mas mágoas que você anda carregando, algumas feridas que se acomodaram no seu coração? Elas estão fazendo mais mal a você do que à outra pessoa, que aparentemente deveria estar sofrendo! Você está precisando de um pouquinho de bálsamo no coração. Feriu alguém, alguém o feriu.
De vez em quando, me chegam no¬tícias de pessoas que eram tão amigas, e que agora são inimigas - uma está fa¬lando mal da outra, uma está tentando destruir a outra. E eu digo a mim mes¬mo, perplexo:
— Deus, eu me lembro de que cin¬co anos antes, esses meninos andavam juntos, jogavam bola juntos. E agora um está tentando destruir o outro.
Você não acha que está faltando um pouco de bálsamo no seu próprio coração? Deus disse isso para mim, quando eu passava por aquele acidente com vítima fatal e apenas pensava:
— É apenas um cadáver a mais -já vi tantos...
Eu lembro, quando pastoreava em Belo Horizonte, e um ônibus atravessou ura canteiro e pegou três automóveis parados no sinal. Foi a maior tragédia que eu já vi na vida.
Escutei o barulho do acidente da minha casa, que era a uma esquina do local. Desci e peguei crianças moídas no meu colo, e levei-as para dentro da igreja, que ficava na esquina. Peguei fe¬ridos e arrebentados. Cheguei em casa ensangüentado - e aquele dia eu me sen¬ti digno.
O guarda disse naquele acidente próximo à EPTV:
— Muito obrigado, porque muitos já passaram por aqui e não pararam.
O meu coração disse assim:
— Você também estava fazendo a mesma coisa. Você também passou, e não parou. Se o Pai não tivesse pegado você pela orelha, antes do retorno, você teria passado direto.
Eu poderia ter falado:
— Ah, não, o bombeiro já estava lá, a polícia já havia chegado ao local. Se eu parasse, não faria muita diferença...
Mas aquela mulher tinha nome, ela teria, possivelmente, um marido, filhos. Eu ofereci ao policial:
— Eu poderia dar um telefonema aos familiares, se vocês precisarem de ajuda.
Ele me disse:
— Não precisa, pois os bombeiros estão fazendo isso...
Então respondi:
— Mas eu quero fazer alguma coi¬sa...
Eu é que estava precisando de uma palavra, de um pouco de bálsamo, de um pouco de mel. Eu.
Voltei para casa, e naquela noite Deus me disse:
— Um pouco mais de bálsamo, e um pouco mais de mel.


A INSTRUÇÃO DE JACÓ
Essa vida não anda um pouco amarga? Você não anda destilando fel?
— Nada presta, tudo está ruim... Só é possível viver se Deus aplicar o Seu bálsamo e o Seu mel em nossas vidas. Jacó reconheceu este estado in¬terior do Governador do Egito, e por isso deu a ordem aos filhos:
— Levem para este homem um pouco de mel. Alguma coisa amargurou a vida deste homem. Levem para ele um pouco de mel.
Talvez você tenha que dizer:
— Ó Deus, adoça a minha vida de novo. Adoça. Eu já fui mais doce do que eu sou hoje. Eu já fui mais dócil - para ser mais correto gramaticalmente.
Bálsamo tira a minha dor. Mel ado¬ça a minha vida. Eles fornecem um pou¬co mais de doçura no que eu faço, no que eu sou.
É a partir do que acontece comigo que eu posso ministrar a outras pesso¬as. A partir de mim, do que eu experi¬mento, do bálsamo e mel aplicado em minha vida. Não é a doçura profissio¬nal. Porque há umas pessoas que têm uma doçura profissional: não querem perder o cliente, então ficam doces; não querem perder as amizades, então fi¬cam doces.
Entretanto, o que necessitamos é a doçura natural, esse bálsamo natu¬ral, essa cura que age, primeiro, dentro de nós.









Capítulo 3

Os nossos Relacionamentos


A IGREJA DOENTE
A Igreja está doente. Tenho lido, estes dias, sobre a Igreja evangélica bra¬sileira. Pode-se facilmente perceber que o crescimento descabido de uma parte da Igreja não é crescer, mas amontoar gente, um em cima do outro, se não cui¬damos, se não alimentamos adequada¬mente essas pessoas.
A mensagem pregada é só aspirina, para tirar dor de cabeça, mas não com o objetivo de curar a doença real. O que está acontecendo na Igreja brasileira é como você fazer um dique para reter determinada quantidade de água. Mas a resistência da barragem não foi cal¬culada para suportar a pressão preten¬dida - e um dia a represa arrebenta!
Uma pessoa de peso da nossa igre¬ja comentou conosco uma particularida¬de administrativa de uma dessas igrejas que existem em nosso país, da qual par¬ticipa um colega dele, também de peso. Nesta igreja, os pastores ganham comis¬são do que arrecadam nos cultos. Se atinge até R$ 100 mil, ele ganha 20%. Mas se dá R$ 150 mil, cai para 15%. Se ultrapassa de R$ 300 mil, é 10%. O que é isso? Que prática é essa? A Bíblia chama isso de mercantilização da fé.
Quando ouvi tal relato, procurei logo um remédio para tomar, porque tive ânsia de vômito ao escutar uma coisa tão nojenta como esta. Estas coisas, às vezes, amarguram meu coração de pas¬tor. Eu não tolero isso, fico irado, e por isso peço a Deus que derrame bálsamo sobre o caso, porque sei que não sou eu quem vai arrumar essa situação.
Que Deus nunca permita que eu entre nesse tipo de coisa, e nem os nos¬sos pastores pensem em dinheiro - que eles pensem somente em pessoas.
— Ah, mas está dando certo...
Nem tudo que dá certo está certo. Fazer as as coisas de modo errado não agrada a Deus.
Eu oro para que Deus ponha um pouco de bálsamo nesta minha ira. Quanto a assuntos como esse, eu real¬mente fico irado, e devo dizer que não é uma ira muito santa. Eu tenho que con¬fessar, ao leitor, que às vezes não é san¬ta, não. É ira, ira mesmo, vontade de "pegar na goela".


BÁLSAMO E MEL NAS RELAÇÕES FAMILIARES
Não seria bom, sempre que voltas¬se para casa, levar ura pouquinho mais de bálsamo e um pouquinho mais de mel para as suas relações familiares? Você, marido, não seria bom passar um ungüento nessa mulher que te "ungüenta" há tanto tempo? Você diria a ela:
— Minha esposa, me deixa passar um balsamozinho em você, no seu co¬ração, nas suas feridas de alma!
Nos últimos tempos, talvez você tenha ferido um parente com uma pala¬vra, com uma atitude. Sabe, hoje mes¬mo você pode dizer a ele:
— Eu vou levar um pouco de bálsa¬mo para dentro de casa, e pôr um pouco de mel nas minhas relações familiares.
Certa vez, atendi a ura dos meus filhos. Atendi pastoralmente, porque ele é adulto, com mais de trinta anos. Sen¬tamos num toco de árvore. Ele pegou na minha mão, choramos, oramos, ora¬mos e choramos. Depois ele me abra¬çou, pôs o queixo em cima da minha cabeça, porque essa geração, agora, não sei o que arrumaram, para crescer tan¬to. Nossos filhos ficaram uns bichões enormes - eu tenho l,70m e eles estão com l,90m. Ele disse:
— Pai, o sr. é o único homem em quem eu posso confiar.
Sabe, eu não sei se a minha pala¬vra fez bem ao meu filho, mas a dele fez um bem enorme a mim. "Pai, o sr. é a única pessoa em quem eu posso confi¬ar. " A única.
Que sempre haja bálsamo e mel na sua casa ao ponto dos seus filhos pode¬rem dizer a você:
— Pai, o sr. é a única pessoa em quem eu posso confiar.
— Mãe, você é a única pessoa em quem eu posso confiar.
Volte para casa hoje e reabasteça o seu estoque de bálsamo e de mel. Se você machucou alguém em casa, aplique o bálsamo sobre as feridas abertas. Des¬tile mel.
Uma das coisas que nós mais gos¬tamos lá em casa é do amanhecer e do entardecer, porque os beija-flores vão se alimentar. E eu gosto de vê-los toman¬do mel. Eles enfiam aqueles biquinhos compridos dentro de umas flores de bases compridas e dançam em volta da planta antes de tirar o mel. Talvez você tenha sugado o mel e não dançou. Dan¬ce um pouco.
— O pastor está liberando dançar?
Essa dança aí, está liberada. Na sua casa, com a sua esposa, com os seus filhos. Celebre. Aplique bálsamo e mel nas suas relações familiares.



BÁLSAMO E MEL NAS RELAÇÕES PESSOAIS E PROFISSIONAIS
Talvez você precise voltar-se para as suas relações profissionais, e pôr um pouco de bálsamo e dê mel. Gente que trabalha com você há tanto tempo, e nunca recebeu bálsamo e mel de você - só ordem. "Faça isso, faça aquilo".
A luta cotidiana pela sobrevivên¬cia fornece um cenário onde muitos são feridos, magoados, embrutecidos. A vi¬olência banaliza as emoções.
Acertos e desacertos azedam os re¬lacionamentos. Pactos e alianças são descumpridos, tornando a convivência amarga. Os interesses materiais pare¬cem se sobrepor a toda e qualquer ten¬tativa de vivermos com base em valores verdadeiramente cristãos.
Pressões sociais e culturais contrá¬rias a Deus tentam nos corromper, le¬vando-nos a relacionamentos errados. Mas, para vencer tudo isso, o Pai celes¬te destila o Seu bálsamo e mel e nos supre do necessário para nossa convi¬vência diária no trabalho, no lar, na Igre¬ja e no desenvolvimento das nossas amizades.

Capítulo 4

A Sabedoria de Jacó


Eu acho fantástica a percepção de Jacó sobre o que poderia estar se pas¬sando no coração do governador do Egi¬to. Quem conhece a Bíblia sabe detalhes da história. Como já ressaltamos, esta é a segunda viagem que os filhos de Jacó fazem, pois na primeira foram presos, acusados de traição. Nesta segunda, José, que ainda não se revelara, faz vá¬rias solicitações - inclusive a vinda do novo caçula, Benjamim:
— E tragam o seu irmão caçula.
Vamos entender direito a situação pois, se alguém de outro país diz: "Tra¬ga o dinheiro para pagar e tragam tal pessoa", isso é seqüestro.
Jacó poderia ter protestado con¬tra a exigência do governador e dito:
— Querem seqüestrar o meu filho. Mas Jacó era velho, e velhos têm uma coisa que os jovens não têm: a vis¬ta pode ser curta, mas a memória en¬xerga longe!
Há uma percepção que somente a idade traz - provida pela experiência. Por isso, muitos países honram os seus ve¬lhos, dando-lhes dignidade e respeito, tratando-os como cidadãos especiais.
Jacó, idoso, teve a percepção de que havia mais do que uma troca mer¬cantil - trigo por taças de ouro, trigo por dinheiro. Haviam feridas numa fa¬mília, que o lado de cá sabia que era a suposta morte de José, e o lado de lá ainda não sabia. Quem sabe o gesto de Jacó enviando "bálsamo e mel" não aju¬dou a amolecer mais ainda o coração de José?
Em razão desta família ferida é que o Espírito Santo inspira o escritor da Bíblia para dizer algo semelhante a você:
— Coloque dentro da sua mochila, coloque dentro da sua pasta de executi¬vo, coloque dentro da sua pasta de equi¬pamentos médicos, coloque dentro da sua marmita de operário um pouco de bálsamo e um pouco de mel. Não im¬porta o que você vai fazer hoje. Essa situação só vai se resolver com bálsa¬mo para tirar a dor, e mel para adoçar o espírito - exatamente o que o Espírito Santo estava dizendo a mim naquele dia do acidente fatal defronte à EPTV.
Jacó falava profeticamente sobre nós, os feridos de alma. Ele precisava de bálsamo e mel, mas enviou-os a José, a quem considerava morto. Somos for¬talecidos por Deus para enviar "bálsa¬mo e mel" aos outros. Paulo descreve o objetivo dessa provisão que Deus fornece às nossas vidas (2 Coríntios 1:4):
"É ele que nos conforta em toda nossa tribulação, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a conso¬lação com que nós mesmos somos contemplados por Deus".


A MUDANÇA QUE O ESPÍRITO SANTO OPERA
É isso que Deus, pelo Seu Espírito Santo, por causa de Jesus Cristo, faz nas nossas vidas. Ele pega as nossas vidas quebradas, ressentidas, amargu¬radas, cheias de dores, de traições, de atos repugnantes, de mão dupla - do que re¬cebemos e do que fizemos - e oferece-nos a operação que somente o bálsamo e mel podem fazer. Ele nos conforta, para podermos confortar.
Na nossa igreja, não fazemos "cur¬so para anjos", pois lidamos com gente de carne e osso. Uma moça que abracei outro dia falou assim:
— Desde que eu deixei a prostitui¬ção, este é o primeiro abraço digno que recebo de alguém.
Ela havia sido uma prostituta - mas agora estava no nosso meio, salva, transformada, curada pelo bálsamo do Espírito, fortalecida pelo mel da Pala¬vra. Que bênção! Que bênção ter numa igreja gente que deixou a prostituição! "O primeiro abraço digno que eu rece¬bi depois que deixei a prostituição."
Porque a gente sabe quando um abraço é de respeito ou quando é um abraço sutil, a gente sabe - ambos sa¬bem, tanto quem dá, como quem rece¬be. Os pequenos toques dizem grandes coisas.
Entretanto, não somos uma comu¬nidade de semideuses, ou de semi-anjos. Nós somos ura povo que está a caminho. Estamos a caminho. E nós va¬mos, às vezes, seguindo, mas sendo machucados. Às vezes, as feridas fazem a gente retroceder no meio do caminho:
— Ah, eu não vou mais à Igreja, eu não vou mais lá...
Já encontrei com gente no meio da rua que me disse:
— Ah, eu não vou mais, pastor. O irmão lá me tratou mal.
Ou então desabafam:
— O irmão tal fez uma transação comercial comigo, e não honrou o seu compromisso —. Ou dizem diversas ou¬tras coisas semelhantes. A minha lista é tão grande...
O que fere alguém são as pessoas que não honram a palavra dada. Moços que assumem compromissos com mo¬ças e não os cumprem, pois, de repente estão namorando outra sem dizer para a primeira. Moças que assumem com¬promissos com rapazes e têm um com¬portamento indigno. É tanta coisa que machuca. O Espírito Santo tem que vir e dizer:
— Bálsamo! ... e mel!
Não podemos perder a doçura. Esta é a coisa pela qual nós, cristãos, mais temos que lutar: não perder a ter¬nura da vida cristã, que nos torna sim¬ples como uma pomba, inocentes como uma criança.
Eu ando com medo desse cristia¬nismo moderno. Ele está com poder demais, e com humildade de menos, porque não é um cristianismo semelhan¬te a Cristo. É um cristianismo seme¬lhante a uma empresa. Tudo parece com uma empresa - há pouco de Jesus nes¬te cristianismo moderno. Mas queremos - porque estamos precisando - um cris¬tianismo cheio de bálsamo, cheio de mel.

REPENSANDO OS FATOS
Dois fatos aqui relatados me fize¬ram repensar algumas coisas: ver a no¬tícia sobre o brasileiro preso nos Estados Unidos e passar pelo acidente próximo à EPTV.
Já relatei como meu coração foi to¬cado ao ver aquele corpo inerte na beira da estrada. Eu estava indo para casa pensando no lanche e o Espírito Santo disse:
— Volta! Volta!
Quando eu paro, os policiais se assustam, com o gesto. Mas mesmo as¬sim me aproximei, e me identifiquei:
— Sou pastor. Posso fazer alguma coisa?


CORAÇÕES APAIXONADOS POR JESUS
Será que Deus não está querendo dizer a você, neste exato momento:
— Eu posso fazer alguma coisa por você, para melhorar esse coração feri¬do? Será que eu posso fazer alguma coi¬sa para tirar essa amargura desse coração, e aplicar um pouco de mel?
Volta! Volta à prática das primei¬ras obras. Lembra quando você conhe¬ceu Jesus, com paixão no coração, quando você conheceu a Igreja? Você vibrava com tudo, e com todos. O culto parecia que durava apenas um minuto - acabava logo. E você dizia:
— Já acabou?
Volta! Pode ser que Deus esteja di¬zendo hoje:
— Será que eu não poderia fazer alguma coisa por você, para melhorar esse coração, tirar um pouco desse amargo? Tirar um pouco dessas mágoas, tirar um pouco desses traumas, tirar um pou¬co dessas feridas, tirar um pouco dessa língua que anda afiadérrima? Limpar essa mente que sujou? Será que eu não poderia pôr no seu coração ura pouco de bálsamo e um pouco de mel?
Deus pode, Deus pode sim! Ele pode, quer e vai fazer. Você não crê nis¬so? Ele pode ajudá-lo a dizer:
— Senhor, eu vou melhorar, eu vou ter mais sensibilidade, eu vou arrumar tempo para o que merece tempo. Eu vou gastar energia com o que merece. Eu vou. Amém.
Talvez haja alguma área na sua vida que esteja clamando:
— Espírito Santo, venha. Esta área da minha vida está como um poço de amargura, precisando de bálsamo, de mel. Espírito Santo, venha. Eu Te co¬nheço, eu já sou batizado por Ti, mas no meio do caminho eu negligenciei o dom, eu perdi os frutos do Espírito.
Muitos estão professando frutos do Espírito, mas, na realidade, estão viven¬do na carne. Carne pura - ciúme, inveja, malícia, contenda, falatório, fanfarrice. Estas coisas são fruto da carne.
— Ah, mas eu sou cheio do Espíri¬to, eu até falo em línguas — se defendem.
Pois é, mas parece que é só o que sabem fazer, porque o resto precisa de bálsamo, precisa de mel.
É preciso colocar o seu coração na presença de Deus. Diga:
— Senhor, aqui está o meu coração.
É necessário dobrar os seus joe¬lhos, orar sobre um assunto como este e dizer:
— Senhor, aplique um pouco de bálsamo e um pouco de mel na minha vida.

Oração

Deus, humildemente eu me ajoe¬lho diante de Ti. Há um pedido que sai da minha alma hoje, Senhor, e eu creio que é o pedido que sai da alma do Teu povo: Senhor, dê-me um pouco mais de bálsamo e um pouco mais de mel.
Aplica bálsamo, Senhor, naquelas áreas da minha vida que estão machu¬cadas, que estão feridas, doentes.
Mas, também me perdoe por ter ferido pessoas. Que eu termine essa oração para colocar bálsamo em pes¬soas que eu machuquei, em pessoas que feri, Senhor.
Senhor, hoje eu estou pedindo que derrame sobre a minha cabeça mel, doçura natural, sem nenhuma adição humana. Para que na minha vida haja a doçura de Cristo, do Espírito Santo.
Eu oro também pela Igreja, para que Tu apliques o Teu bálsamo e o Teu mel na vida de todos os Teus filhos.
Tira a amargura produzida pelas lutas da vida. Talvez produzida por outros, por línguas ferinas, por atitu¬des indevidas, às vezes, por nós mes¬mos.
Oro agora como Igreja, por todos nós, Senhor, que fomos nos fechando, fomos nos enclausurando e nos tornan¬do amargos. Adoça o nosso Espírito. Que o conselho de Jacó para os seus filhos sirva para nós:

"Leve para aquele homem um pouco de bálsamo e um pouco de mel".

Oramos no nome de Jesus, com hu¬mildade, pedindo perdão, Senhor, pe¬los nossos pecados, falhas e fraquezas.
Em nome de Jesus.
Amém.

Conclusão

Ao terminar a leitura deste livro, você está ouvindo o Espírito Santo dizer ao seu coração:

"Eu estou derramando
sobre você um pouco de
bálsamo, e um pouco de
mel. As suas feridas serão
tratadas, e a sua vida vai
ser fortalecida, porque
estou atuando em você, no
seu coração, a partir de
agora".

Um comentário:

Anônimo disse...

Linda obra! Glória a Deus!