quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Filosofia da Religião

1-O QUE É RELIGIÃO?

Para compreendermos o que seja a religião, devemos entender primeiro o significado desta palavra. Ela significa exatamente o elo de ligação entre os homens e um certo culto de “lembrança”, de um lugar que perdemos ou se preferirmos, uma situação de nossa vidas ao longo das eras.
Religião vem do grego “Religare” ou seja: Ligar o homem a alguma coisa. Em termos gerais, diríamos que é a condição que possuímos para que possamos nos lembrar de que viemos de algum lugar e que, voltaremos a ele um dia. A religião conforme a conhecemos hoje em dia, são um conjunto de normas, ritos, dogmas, liturgias e instituições que nos fazem ter uma idéia de relação com o sobrenatural ou pelo menos, entendermos essa relação, que tantos falam e poucos podem provar.
Presentemente, temos CINCO GRANDES RELIGIÕES NO MUNDO: O cristianismo, o judaísmo, o budismo, o Islamismo e o hinduísmo. Com o passar dos milênios, muitos cultos religiosos foram desaparecendo, dando lugar a novas formas ou expressões e culto. Destas, apenas três se destacam por serem monoteístas (que adoram a um só deus): O cristianismo, o islamismo e o judaísmo. As demais não citadas, em alguns aspectos gerais, ou cultuam vários deuses ou a nenhum deus em particular.

As citadas três religiões monoteístas, são em sua essência, oriundas de uma mesma fonte: O profeta Abraham Aviou (Abraão). Barão, que mais tarde passou a ser chamado por DEUS de Abraão – pois seria pai de muitas nações – foi o inaugurado de toda uma dinastia, que viria através de seus filhos a saber: Isque, Ismael e Jacob. Coube aos descendentes de Abraão, inaugurar a todas essas três grandes religiões que conhecemos hoje em dia. O judaísmo, que veio através de Moisés, na linhagem direta de Jacob, teve o seu apogeu nas mãos desse patriarca “Moisés”, que foi o fundador do judaísmo como religião, pois foi através das leis entregue por DEUS a Moisés, que podemos situar o surgimento do judaísmo como movimento religioso. A Ismael, irmão de Isaque, filho de Hangar – a Egípcia – se deu a linhagem de fundação do povo Árabe, em especial, o surgimento do Islamismo como religião, pois foi o antecessor de Muhammad (Maomé), como o fundador do islamismo.

Quanto ao cristianismo, sabemos que ele surgiu, da árvore de David, o profeta, de onde se originou fisicamente Jesus Cristo, o Messias. O cristianismo, hoje, ocupa o ranking de maior religião do mundo, seguida de perto pelo islamismo. O budismo, apesar de não ser uma religião monoteísta e nem cultuar a um deus em particular, possui uma legião enorme de seguidores no mundo.
A religião em última essência, é o movimento em direção a uma compreensão da vontade de DEUS em especial, do que podemos compreender-lhe como desejo. DEUS, não pertence a nenhuma denominação ou religião em particular, pois é o Criador de todas as coisas. Porém, não podemos deixar de comentar de que, não há a possibilidade de entendermos a DEUS se não considerarmos que: “Não há dois deuses, mas apenas um só DEUS e que, tudo está debaixo de seu domínio Eterno, queiramos ou não aceitar isto”.

2-TEOLOGIA E RELIGIÃO

A palavra "Teologia" é de origem grega; vem de "Teso", que significa Deus, e "logos", tratado, discurso, significando por derivação conhecimento comparado de Deus, ou ciência que nos ensina sobre Deus; compreende também a relação que há entre Ele e suas criaturas. Este termos é uso antigo e pode-se-lhe atribuir origem pagã. A Teologia, segundo Platão e Aristóteles, é a doutrina da deidade e das coisas divinas.

Há quem opine que o conhecimento teológico não é um tema que se preste a uma consideração analítica ou científica por parte do homem; e como um conceito verdadeiro de Deus, que é o tema principal da teologia, deve necessariamente basear-se em revelação divina, não podemos receber este conhecimento senão conforme o que graciosamente nos é concedido. O querer levar a cabo uma investigação minuciosa sobre Ele, mediante os poderes falíveis da razão humana, seria o mesmo que aplicar aos atos de Deus, como padrão de medida, a totalmente inadequadamente sabedoria do homem. Há muitas verdades que estão além do alcance da simples razão humana e tem-se afirmado que os atos teológicos entram nessa categoria. Isto é certo, porém, só até onde se possa aplicar a mesma classificação a outras verdades, à parte as teológicas, na acepção limitada da expressão, porque toda verdade, sendo eterna, é superior à razão, no sentido de que se manifesta à razão mas não é um produto dela. Não obstante, as verdades devem ser analisadas e comparadas pelo exercício do raciocínio.

2.1- A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO TEOLÓGICO

É impossível que o homem investigue minuciosamente, durante o curto lapso mortal, parte considerável do extenso campo do conhecimento. Cabe, portanto, à sabedoria orientar nossos esforços para a investigação do campo que ofereça os resultados de maior valor. Toda verdade tem valor, inestimável valor. Não obstante, quanto a sua possível aplicação, algumas verdades são de valor incomparavelmente maior que outras. O conhecimento dos princípios comerciais é essencial para o êxito do negociante; do marinheiro se exige que conheça as leis da navegação; ao agricultor é indispensável estar familiarizado com a relação que existe entre a terra e as colheitas; a compreensão dos princípios da matemática é necessária ao engenheiro e ao astrônomo. Da mesma forma, o conhecimento pessoal de Deus é essencial à salvação de toda alma humana que tenha atingido os poderes de julgamento e arbítrio. O valor do conhecimento teológico não deve, portanto, ser desprezado. Duvida-se que sua importância possa ser exagerada.

2.2- A EXTENSÃO DA TEOLOGIA

Os limites máximos da ciência, se é que ela tem limites, superam a capacidade de observação do homem. A Teologia trata de Deus, o manancial de conhecimento, a fonte de sabedoria; das provas da existência de um Ser Supremo e de outras personalidades sobrenaturais; das condições sob as quais ou por meio das quais a revelação divina é concedida; dos eternos princípios que regem a criação dos mundos; das leis da natureza em suas múltiplas manifestações. A teologia é, principalmente, a ciência que trata de Deus e da religião; apresenta os fatos da verdade observada e revelada em ordem metódica e indica os meios de aplicá-los aos deveres da vida. A teologia, pois, prende-se a outros fatos além dos que são especificamente chamados espirituais; sua esfera é a da verdade.

As atividades industriais que beneficiam o gênero humano as artes que agradam e refinam, as ciências que desenvolvem e enobrecem a mente – são apenas fragmentos do grande, mas ainda incompleto, volume de verdades que veio à terra, provindo de uma fonte eterna e inexaurível. Um estudo completo da teologia, por conseguinte, abraçaria todas as verdades conhecidas. Deus constitui-se a si mesmo como o grande mestre; por manifestações pessoais, ou pelo ministério de seus servos escolhidos, Ele instrui seus filhos mortais. A Adão Ele mostrou a arte da agricultura (Gên.2:8; Moi.3:15) e demostrou a arte de fazer roupas(Gên.3:21; Moi.4:27); instruiu a Noé e a Nefi quanto à construção de barcos (1Nef.18:12,21); Lehi e Nefi aprenderam d’Ele a arte da navegação; e para que se guiassem sobre as águas e em suas viagens por terra, preparou-lhes a Liahona (1Nef.16:10,1626-30; 18:12; Alm.37:38), uma bússola que funcionava por meio de uma influência mais eficaz para seus fins do que o magnetismo terrestre; além disso, Moisés recebeu instruções sobre arquitetura (Exo.25,26 e 27).

2.3- A TEOLOGIA E A RELIGIÃO

Teologia e Religião, apesar de se relacionarem, não são idênticas. Pode-se estar bem versado em conhecimentos teológicos e, não obstante, carecer-se de um caráter religioso e quiça moral. Se a teologia é uma teoria, a religião é uma prática; se a teologia é o preceito, a religião é o exemplo. Uma deve ser o complemento da outra. O conhecimento teológico deve fortalecer a fé e a prática religiosa. Como ciência, compreende o conhecimento classificado e comparado que se refere à relação entre Deus e o homem, principalmente no que apela ao intelecto, enquanto a religião inclui a aplicação daquele conhecimento, ou crença genuína, ao curso individual da vida.

3-DEFINIÇÕES DE DEUS:
http://www.terravista.pt/Bilene/2810/base/bteosist.htm

Definição Filosófica de Platão:
Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.

Definição Cristã do Breve Catecismo:
Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.

Definição Combinada:
Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm sua origem, sustentação e fim (Jo.4:24; Ne.9:6; Ap.l:8; Is.48:12; Ap.1:17).

Definições Bíblicas:
As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz " (IJo.1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é amor" (IJo.4:7) é expressão de Sua personalidade. (ITm.6:16)

3.1- DOUTRINA DE DEUS
Sérgio Ricardo v. Alvarenga
http://groups.msn.com/ESTUDOSTEOLOGICOS/quemdeus.msnw

Deus pode ser definido?
Alguns escritores deram uma resposta negativa, dizendo que nenhuma definição poderia exaurir completamente a questão; em função da infinidade de Deus.
Dentro do campo limitado que a razão fornece, alguns tentam definir Deus.
Uma definição filosófica de Deus que tem encontrado aprovação geral é a seguinte: " Deus é o ser mais perfeito, é a causa de todos os outros seres, Deus é livre em si mesmo, possui vontade moral pura".
Definição Bíblica: " Deus " não foi especificamente definido em qualquer declaração única, mas a sua experiência e os seus atributos são pressupostos e aparecem em diversos textos, e em inúmeros textos que declaram o que Ele é, e o que Ele faz. Uma verdadeira definição Bíblica de Deus, só será obtida no conjunto de toda a Escritura. ( Jó 11:7-9 / Sl 77:19 / Mt 11:27 / Rm 11:33-34 / Sl 139:6 / ITm 6:16 ).

A natureza de Deus
DEUS É ESPÍRITO: Não possui partes corporais nem está sujeito a paixões; sua pessoa não se compõe de nenhum elemento material, e não está sujeito ás condições de existência natural, portanto não pode ser visto com os olhos naturais, nem aprendido pelos sentidos naturais (O Espírito Santo revela: I Cor 2:10-11).
NOTA: "Ninguém jamais viu a Deus", declara: Jo 1:18 / Ex 33:20; no entanto, em Ex 24:9-10 lemos que Moisés, e certos anciões "viram a Deus"; nisto não há contradição, João quer dizer que nenhum homem viu á Deus como Ele é (na sua essência). Mas sabemos que ele pode manifestar-se em forma corpórea (Mt 3:16), portanto, Deus pode manisfestar-se duma maneira perceptível ao homem.

Linguagem Antropomórfica
A palavra "antropomorfismo", vem do grego "Antropos"= homem; "Morphés"= forma. Esta linguagem, prende-se à concepção de como Deus se tem revelado (ou se revela) de "forma humana", para que seja entendido pela mente natural. Vejamos alguns exemplos: CABEÇA, Dn 7:9 / ROSTO, Sl 27:8 / CABELO, Dn 7:9 / OLHOS, Pv 15:3 / NARIZ, Sl 18:15 / OUVIDOS, Sl 31:2 / BOCA, Is 34:16 / DENTES, Jó 16:9 / LÁBIOS, Is 30:27 / LÍNGUA, Is 30:27 / RISO, Sl 2:4 / MÃOS, II Sm, 24:14 / BRAÇOS, Dt 33:27 / PÉS, Ex 24:10 / COSTAS, Ex 33:23 / CORAÇÃO, Jn 6:6 / SAPATOS DE DEUS, Sl 60:8 / VESTIDOS DE DEUS, Dn 7:9 / OS DOIS LADOS ( DIREITO E ESQUERDO ), I Rs 22:19.

Personalidade de Deus
Ele é o Deus vivo: Dt 5:26
Ele fala: Ex 34:29
Ele se alegra: Sl 69:30-31
Ele se entristece: Gn 6:6
Ele ama: Jo 3:16
Ele se ira: I Rs 11:9

ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS
SIMPLICIDADE: Com esse termo indicamos que o Ser Divino, não é COMPOSTO, COMPLEXO OU DIVISÍVEL.
UNICIDADE: Dt 6:4 / Ef 4:3-6.
INFINIDADE: Não existem meios de medi-lo.
ETERNIDADE: Se define eternidade quando aquilo que é infinito quanto ao tempo. O termo quando aplicado a respeito de Deus, se refere a sua auto-existência, não conhecendo limites de ano ou de tempos passados, presente ou futuro. "SUA ETERNIDADE É: JUVENTUDE SEM INFÂNCIA OU VELHICE; VIDA SEM NASCIMENTO OU MORTE; É HOJE, SEM ONTEM OU AMANHÃ".
IMUTABILIDADE: É o estado, ou qualidade do ser que não é suscetível ou capaz de desenvolvimento, ou auto-evolução. "ELE" É sempre o mesmo em qualquer dimensão. O tempo jamais poderá desgastar a natureza plena de Deus.

ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS
SANTIDADE DE DEUS: ( Do lat, "Sanctitatem" ); perfeição moral. Estado de quem se destaca pela pureza. Não existe palavra que no pleno sentido Bíblico descreva mais perfeitamente a natureza de Deus do que o termo "SANTIDADE".
A santidade é a plenitude gloriosa da excelência Moral de Deus. A Santidade de Deus se manifesta em:
SUAS OBRAS (Sl 145:17); A Santidade é o padrão de todas as suas ações.
SUA LEI: Essa lei proíbe o pecado em todas as suas variantes, nas suas modalidades mais refinadas, e nas mais grosseiras, os intentos da mente como a contaminação do corpo, o desejo secreto como o ato abertamente praticado.
NA CRUZ: De maneira espantosa e, contudo a mais solene, a expiação demonstra a Santidade infinita de Deus e sua aversão ao pecado, Deus é Santo de uma maneira tríplice:
1. Infinitamente Santo
2. Imutavelmente Santo
3- Independentemente santo.
JUSTIÇA DE DEUS: A palavra "JUSTIÇA" aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento, como tradução do termo Hebraico "Tsadik". No Novo Testamento, o substantivo justiça aparece como tradução do termo grego "Dikalos" cerca de 90 vezes. Em sentido geral significa "equidade legal". A palavra quando se aplica a pessoa de Deus, significa: "Infinita retidão daquele que é Justo".
NOTA: A justiça de Deus entra em ação todas as vezes que a sua Santidade é agredida. Sua justiça e Santidade acham-se intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza.
AMOR DE DEUS: "...Deus é amor...!"; É esta a grande declaração da Bíblia, quando descreve a natureza de Deus. Na língua Grega, a palavra "Amor" pode ser vista em quatro dimensões: "EROS", que é o amor físico e sensual; "PHILÉO", que é o amor expresso em amizade, afeição e fraternidade; "ESTERGO", que é o amor conjugal, o amor em família; e finalmente, o amor maior e mais sublime "ÁGAPÊ", que é o amor de Deus, este é, portanto, a fonte de todo o amor.

A NATUREZA DO AMOR DE DEUS :
O AMOR DE DEUS É SOBERANO: Isto significa que ele não está sujeito a nada e a ninguém. Por isso pode amar a quem desejar, inclusive a seus inimigos, independente da fragilidade e da inutilidade da natureza humana (João 7:17); A soberania do amor de Deus faz com que Deus compadeça-se de quem Ele quiser, sem ter que prestar contas ou satisfação a qualquer criatura (Rm 9:19-20).
O AMOR DE DEUS É ETERNO: Isto significa em termos de compreensão humana, que ele tem a idade de Deus (Ef 1:4 / II Tm 1:9).
O AMOR DE DEUS É GRANDE: É grande como Deus é grande, é grande a ponto de absorver toda a raça humana, para a qual Ele destinou seu próprio Filho Unigênito (João 3:16 / Dt 33:3); é grande ao ponto de ser infinito (Ef 2:4 ; 3:19).
O AMOR DE DEUS É SANTO: Isto é, não sofre influência, não está sujeito a paixões, caprichos, sentimentalismo, nem é produzido por razões exteriores (Dt 7:7-8 / II Tm 1:9).
O AMOR DE DEUS É PODEROSO: Ele é capaz de transformar a maldição em benção (Dt 23:5).

NOMES DE DEUS
O nome longe de ser simples etiqueta, pura descrição externa, o Nome em toda a extensão das escrituras tem profundo significado. Ele exprime a realidade do ser que o carrega. A palavra nome aparece pela primeira vez no texto Bíblico em (Gn 2:11), e a última em (Ap 22:4). Esse vocábulo ocorre na Bíblia 1.052 vezes, sendo 856 no A.T. e 196 no N.T.
Cada nome de Deus denota uma faceta de sua própria natureza, exemplo: "No princípio criou DEUS (Elhoim) os céus e a terra..." (Gn 1:1) aqui portanto, aparece pela primeira vez o nome da suprema Divindade. É uma revelação da "Trindade" em conjunto. O termo equivalente a "Elhoim" no Grego é "Theos".
NOTA: Xenofonte, Platão e Aristóteles, três grandes filósofos, criaram o termo "Theos" como um "Nome" próprio Grego para o Todo Poderoso.

3.2- A EXISTÊNCIA DE DEUS
http://www.igrejamana.com/estudos/mensagens/que_fe.html

"É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam" (Hb. 11:6).
Ao examinar a estrutura complexa de nossos corpos (cf. Sl. 139:14), os detalhes evidentes de uma flor, contemplar a vastidão do espaço em uma noite clara, todas estas e outras incontáveis reflexões cuidadosas sobre a vida, verdadeiramente fazem do ateísmo algo inacreditável. Acreditar que não existe Deus certamente requer mais fé do que acreditar que Ele existe. Sem Deus não há ordem, propósito ou explicação final sobre o universo, e, por conseqüência, isto vai se refletir na vida do ateísta. Com isto em mente, não é de surpreender que a maioria dos seres humanos admita um certo grau de crença em Deus - mesmo em sociedades onde o materialismo é o "deus" dominante da vida das pessoas.
Mas existe uma grande diferença entre ter uma vaga noção de que existe um poder superior, e de fato estar certo do que Ele é, oferecendo-lhe em troca um serviço fiel. Hb. 11:6 enfatiza isto; “ nós devemos crer que (Deus) é, e que Ele é galardoador daqueles que o buscam".
Muito da Bíblia é um relato da história de Israel, o povo de Deus; várias vezes mostra-se que a sua aceitação da existência de Deus não era acompanhada pela fé nas Suas promessas. O seu grande líder, Moisés, lhes disse "portanto reconhece...e medita em teu coração, que só o Senhor é Deus em cima no céu, e embaixo na terra: nenhum outro há. Guarda pois os seus estatutos e os seus mandamentos" (Dt. 4:39,40).
A mesma questão se faz quanto a consciência dentro de nós de que existe um Deus, isto não significa que somos automaticamente aceitos por Deus. Se nós concordarmos seriamente de que realmente temos um criador, devemos "guardar pois seus...mandamentos".
"A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Rm. 10:17).
Da mesma forma, Isaías 43:9-12 mostra como o entendimento das profecias de Deus sobre o futuro nos faz saber "que eu sou ele" (Is. 43:13) - i.e. que o Nome de Deus "Eu sou o que sou" é perfeitamente verdadeiro (Ex. 3:14).
O apóstolo Paulo foi a um lugar chamado Beréia, agora no norte da Grécia. Como de costume, ele pregou o evangelho ("boas-novas") de Deus; mas, em vez das pessoas apenas aceitarem a Palavra de Paulo, "eles receberam a palavra (de Deus, não de Paulo) de bom grado, examinando cada dia nas Escrituras, se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles" (Atos 17:11,12). Sua crença era devida à sua mente aberta, examinando a Bíblia de maneira regular ("diariamente") e sistemática ("aquelas coisas"). O alcance de uma fé verdadeira não se devia ao fato de, repentinamente, Deus dá-la através de algum tipo de cirurgia espiritual no coração, sem relação com a Palavra de Deus. Então, como podem as pessoas do mundo, que vão a uma cruzada de Billy Graham ou a uma reunião de reavivamento pentecostal, sair de lá como "crentes"? Nestes casos quanto houve de exame diário das Escrituras? Sem dúvida, esta falta de uma fé verdadeiramente baseada na Bíblia é responsável pela superficialidade em que muitos destes "convertidos" se encontram na sua experiência cristã posterior, e porquê muitos abandonam o movimento evangélico.
A ligação entre ouvir o verdadeiro Evangelho e ter uma fé verdadeira, freqüentemente é salientada nos registros da pregação do Evangelho:
"Muitos dos coríntios ouvindo-o creram e foram batizados" (Atos 18:8)
Pessoas "ouvissem a palavra do evangelho e cressem" (Atos 15:7)
"Assim pregamos, e assim crestes" (1 Co. 15:11)
A "semente" na parábola do semeador é a palavra de Deus (Lc. 8:11); e na parábola do pé de mostarda é a fé (Lc. 17:6), entendendo que a fé vem do aceitar "a palavra da fé" (Rm. 10:8), "palavras da fé e boa doutrina" (1 Tm. 4:6), dentro de um coração que está aberto para crer em Deus e na sua palavra (Gl. 2:2 cf. Hb. 4:2)
O apóstolo João diz no registro escrito da vida do nosso Senhor que "ele diz a verdade para que creiais" (Jo. 19:35). E assim a palavra de Deus é chamada de "verdade" (Jo. 17:17) - para que creiamos.

4-O QUE É FÉ
Efésios 1:3 - "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais, nos lugares celestiais, em Cristo".
"O qual nos abençoou" - Deus JÁ nos abençoou. A Bíblia não diz que Deus nos vai abençoar UM DIA.
Deus já abençoou "com todas as bênçãos" - Deus não nos dá pouquinho. Deus abençoa-nos em abundância, COM TODAS as bênçãos.
"Nos lugares celestiais" - todas as bênçãos que Deus já nos deu, estão guardadas num lugar, chamado lugar celestial. É como se fosse a dispensa de Deus: estas bênçãos já existem no mundo espiritual.
Ex.: Quando uma criança quer comer um iogurte (sendo essa a vontade do pai), ela abre o frigorífico, estica o braço e pega no iogurte (toma posse).
É isto que acontece no mundo espiritual: a fé, é o braço que vai ao lugar celestial, buscar as bênçãos que Deus já declarou nossas.
Às vezes, o modo mais simples de compreendermos o que determinado assunto quer dizer é, ver primeiro o que ele não quer dizer.

4.1- O QUE NÃO É FÉ
Fé não é esperança
A esperança diz: "Um dia, Deus vai curar-me":
"Um dia, Deus vai dar-me um emprego":
"Um dia, Deus irá resolver o meu problema financeiro":
Esperança põe sempre as coisas no futuro. Exatamente como aquele homem que foi comprar fiado a uma loja. Quando lá chegou, viu uma placa que dizia: "Amanhã fia-se, hoje não"; ele voltou no dia seguinte, pensando comprar alguma coisa fiada, mas quando olhou, ali estava a placa que dizia: "Amanhã fia-se, hoje não". Nunca o homem comprou fiado, naquela loja.
Marcos 11:24 - "Por isso vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebestes, e tê-lo-eis".

A Fé diz: HOJE, tudo aquilo que Deus promete é meu.
"Eu recebo a minha cura agora."
"Recebo agora o meu emprego".
"Recebo agora a solução deste problema financeiro".
A Fé põe as coisas no presente:
HOJE Jesus cura;
HOJE Jesus é a solução para os seus problemas.

Fé não é entusiasmo
Certas pessoas quando ouvem determinado tipo de mensagens, ficam entusiasmadas:
"Ah, Pastor, é isso mesmo, que grande mensagem, foi uma benção ...";
"É Pastor, Jesus vem cedo, vou deixar o meu emprego e vou pregar o Evangelho ...".
No ano seguinte, o entusiasmo ainda continua, mas sem resultados.
"Senhor dá-me um salário de R$ 6.000,00".
Na verdade a fé dele não dá para tanto. Então isso não passa de entusiasmo, e nada acontece.
Normalmente as pessoas ficam entusiasmadas com as experiências que ouvem, de homens de grande fé. E, porque estão entusiasmadas, vão a correr fazer a mesma coisa, mas nada acontece, pois não têm o mesmo grau de fé.
Exemplo: Certo evangelista durante uma campanha, mandou um paralítico levantar-se da sua cadeira de rodas, e o homem levantou-se completamente curado. Ouve alguém, que vendo isto, quis fazer o mesmo na sua igreja, mas nada aconteceu: ele não acreditava que um doente pudesse ser curado, muito menos um paralítico.
Ele tinha o entusiasmo mas faltava-lhe a fé.
O ENTUSIASMO SEGUE EXPERIÊNCIAS, MAS A FÉ SEGUE A PALAVRA DE DEUS.
A Fé opera sempre, sobre as Promessas de Deus, e não dando passos no escuro.

Fé não é um sentimento mental
Sentimento mental reconhece que as promessas de Deus são verdadeiras, mas recusa-se a agir de acordo com elas, por causa das circunstâncias. "Já oraram por mim, mas ainda tenho dores, disseram-me que não tem cura".
Uma senhora, de certa idade, dizia: "Pastor, eu tenho de morrer cedo, porque as minhas economias estão a terminar".
"Irmã, mas a Bíblia diz que Deus suprirá todas as suas necessidades".
"Pois, é verdade, Pastor!"
"Então já pode viver mais uns bons anos!"
"Ah, Pastor, isso não, porque o dinheiro não vai chegar...!"
Esta senhora reconhecia o que a Palavra de Deus diz, mas as circunstâncias diziam-lhe que ela não poderia viver muito mais. O sentimento mental, para ela, era mais forte que as promessas de Deus.
Outra senhora sofria da coluna e estava paralisada das pernas. Ela acreditou nas promessas de Deus (Isaías 53:4,5), e depois de orarmos, ela sentiu-se mais leve e mais forte e levantou-se da sua cadeira. Mas, quando lhe dissemos para ela andar, respondeu: "Andar? Há mais de três anos que não posso andar pelo meu pé!". Nesse momento ela perdeu a cura e já nem se pôde sentar sozinha".
Esta senhora também reconhecia que as promessas de Deus eram verdadeiras, mas, contudo, dizia: "Isto é um caso muito difícil ..."
Ora a Fé está sempre relacionada com coisas que se não vêem.
II Coríntios 5:7 - "Porque andamos por fé, e não por vista".

4.2- O QUE É A FÉ
Hebreus 11:1 - "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem".
Fé é você acreditar em coisas que existem, mas que não vê. Por exemplo: você não pode ver os seus pensamentos, contudo, eles existem; não pode ver o ar que respira, mas é por ele que vive ...
Quando nos referimos às promessas de Deus, fé em ação é:
Você acreditar que JÁ ESTÁ CURADO, quando ainda não se sente curado;
Você acreditar que JÁ TEM AS NECESSIDADES SUPRIDAS, quando ainda não vê as necessidades supridas;
É preparar-se para andar, quando o médico disse que nunca mais podia dar um passo.
A fé põe a Palavra de Deus acima de todas as circunstâncias.
II Coríntios 4:18 - Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas".
As doenças, pobreza, etc, são circunstâncias visíveis e sujeitas a mudar. Mas as promessas de Deus são eternas, não mudam. Ponha os seus olhos no que é mais importante.

Fé diz:
"O relatório médico diz que eu vou ficar paralisado, mas o relatório de Deus diz, que pelas pisaduras de Jesus eu já fui curado, então já fui curado".
"Quando todos dizem que estamos em crise, Deus diz que segundo as suas riquezas, supre todas as minhas necessidades. O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará"
"Ah, Pastor, eu não sou hipócrita! Não falo aquilo que não sinto!"
O problema de alguns cristãos, é que eles nunca concordam com Deus. Deus diz:
Age 2:8 - "Minha é a prata, e meu é o ouro".
Eles respondem: "Ah, irmão temos de ser pobres, humildes ...", e por isso, continuam pobres e mal têm dinheiro para comer.
Quando Deus diz "pelas suas pisaduras fomos curados ...", diga: "Amém, eu concordo com Deus, eu estou curado pelas pisaduras de Jesus".
Só assim poderá experimentar todas as bênçãos de Deus.
Romanos 4:17 - "... Deus chama as coisas que não são como se já fossem".
Em Gênesis 17, Deus pôs o Abraão e a Sara a falar de coisas que ainda não existiam, como se já existissem.
Quando Sara chamava por Abraão, ela estava a dizer: "Pai de uma multidão, vem cá ...". Quando Abraão respondia a Sara, ele dizia: "Mãe de uma grande nação, já vou ..."
No entanto, o casal já era idoso (cerca de cem anos) e não tinham filhos.


5- O CONHECIMENTO DE DEUS PELA RAZÃO
Por: Alcione Alves do Nascimento

A Filosofia e a Teologia são ciências autônomas e distintas, mesmo quando se ocupam dos mesmos objetos, pois uma se utiliza da investigação racional e outra da revelação divina. Estas ciências não se opõem, antes se auxiliam mutuamente. A Teologia confirma e ajuda a Filosofia, com a autoridade da palavra divina, sobretudo nas questões relacionadas com a vida religiosa e moral. Por sua vez a Filosofia serve à Teologia porque prova a existência de Deus, a personalidade e o fato da revelação, esclarecendo racionalmente a fé.

Não se pode falar em conhecimento de Deus pela razão sem prestar a justa homenagem a um dos maiores teólogos de todos os tempos, Tomás de Aquino, nascido em 1226, em Nápoles, Sul da Itália, e falecido precocemente aos 49 anos de idade, no Convento Fossanova.
É considerado o maior filósofo da Escolástica medieval, isto é, movimento filosófico cujo problema básico era a busca da harmonização entre a fé e a razão.

Inserida no movimento escolástico, a Filosofia de Tomás de Aquino já nasceu com limites e objetivos preestabelecidos: não contrariar a fé. De fato, a finalidade desta filosofia era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do Cristianismo. Assim Tomás de Aquino reviveu em grande parte a filosofia aristotélica com o objetivo de nela buscar elementos racionais que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, usou a filosofia como um instrumento a serviço do pensamento religioso católico.

Retomando as idéias de Aristóteles sobre o ser e o saber, enfatizou a importância da realidade sensorial. No processo de conhecimento desta realidade, ressaltou uma série de princípios considerados básicos, dentre os quais destacam:

a) O princípio da contradição: o ser é ou não é. Não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista;
b) O princípio da substância: na existência dos seres podemos distinguir a substância, é a essência, propriamente dita, de uma coisa, sem a qual ela não seria aquilo que é, e o acidente, são as qualidades não essenciais, acessórios do ser;
c) Princípio da causa eficiente: todos os seres que captamos pelos sentidos são seres contingentes, isto é, não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas existências. Portanto, para existir o ser contingente depende de um outro ser que representa a sua causa eficiente: este outro ser é chamado de ser necessário;
d) Princípio da finalidade: todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de um objetivo, de "uma razão de ser". Enfim, todo ser contingente possui uma causa final;
e) O princípio do Ato e da Potência: todo ser contingente possui duas dimensões: o ato e a potência. O ato representa a existência atual do ser, aquilo que está realizado e determinado. A potência representa a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência para o ato que explica toda e qualquer mudança.

A existência de Deus
A existência de Deus é demonstrada por Tomás de Aquino, por cinco vias a posteriori: a do movimento, a da concatenação das causas, a da contingência, a dos graus de perfeição das criaturas e da ordem do universo. Mas além desses argumentos poderá ser demonstrada através de seus atributos. Deus é infinito, eterno, imutável, livre, onisciente e onipotente. Nas suas relações com o mundo Deus é criador e providencial.

1. Provas Metafísicas:
a) A existência do Mundo. O mundo existe. Ora, o mundo, que é contigente, que não existe por si mesmo, que não tem em si próprio a razão suficiente de sua existência, que não poderia ter-se originado do nada ou do acaso, só pode existir pela ação de um criador incriado, eterno e necessário que é Deus.

b) A existência do movimento: O movimento existe no mundo. Ora, o movimento não é essencial, mas acidental à matéria. A existência do movimento precisa, para sua explicação, de um primeiro motor imóvel, princípio necessário e imutável de todo movimento. O dinamismo incessante do universo supõe um impulso inicial que só poderia Ter sido dado por Deus.

c) A existência da vida: A vida existe sobre a terra. Ora, a terra não tendo possuído sempre seres vivos, como provam as observações geológicas; a vida só podendo originar-se da vida, como atestam as experiências biológicas; os seres vivos só podendo gerar seres semelhantes a si mesmo. Como explicar a existência da vida em todos os seus graus, sem a intervenção de um poder superior às forças da matéria. Este ser transcendente e criador só pode ser Deus.
d) A existência da ordem no universo: Todo efeito em que se verifica a escolha de meios adequados para atingir um fim, supõe uma causa inteligente. Toda ordem implica uma razão ordenadora. Ora, no universo, quer no seu conjunto ou nas suas partes, quer na sua natureza física, orgânica ou psíquica, vamos encontrar uma coordenação harmoniosa e perfeita de meios e fins. Logo, a existência da ordem do universo prova a existência de um ordenador perfeito, de uma causa infinita sábia que é Deus.

2. Provas Morais:
a) A existência da Lei Moral: Todo ser livre tende a realizar, na medida do possível, seu fim particular que é o bem moral, e seu fim universal que é o bem supremo. A lei moral ou princípio do dever existe e se impõe à nossa razão e à nossa vontade: o homem tem a noção do dever, que o impele a fazer o que é bom e evitar o que é mau. Ora, essa lei, que não poderia provir do mundo físico, nem da natureza humana, mas que existe formada em nossa consciência. Supõe uma causa e uma autoridade, que tenham os mesmos caracteres que ela, isto é, que sejam universais, imutáveis e eternas.
Logo, como não há lei sem legislador, obrigação sem autoridade, e autoridade sem um, ser real que a exerça, Deus existe como causa suprema da noção do dever, e como autoridade que confere ao princípio do dever o seu caráter imperativo absoluto.

b) O mérito e o demérito: Todo ato conforme ou contrário à lei moral merece uma recompensa ou uma penalidade proporcional ao seu grau de bondade ou maldade. Por conseguinte, o princípio do mérito e do demérito existe e nosso espírito o concebe como complemento necessário do princípio do dever.
Ora, esse princípio que não deriva do mundo físico ou da natureza humana; que é universal, imutável e eterno como o principio do dever; que não constitui apenas um fato intelectual, mas a garantia absoluta duma sanção perfeita, adequada à lei moral, implica a existência de uma causa real e absoluta, isto é, Deus.

c) O consentimento universal: A idéia de Deus não apanágio dos filósofos e dos cientistas, nem uma noção moderna ou um conceito da civilização ocidental. É uma idéia no tempo e no espaço. Em todos os quadrantes da terra, em todas as formas de cultura, em todos os povos, ao longo de toda a história, sábios ou ignorantes têm proclamado sua crença num Senhor soberano do universo.
Esta universalidade de opinião demonstra que a crença em Deus se apoia sobre razões poderosas e acessíveis a todas as inteligências, e que resulta do exercício normal do pensamento humano quando obedece às suas exigências racionais.
d) As aspirações da alma humana: O sentimento religioso, isto é, o conjunto das aspirações que levam o homem a procurar, além dos seres finitos, um ser infinito, perfeito e absoluto, onde possa realizar a satisfação plena e integral das suas tendências para a verdade, para a beleza e para a bondade, existe em todas as criaturas humanas e aparece com um relevo mais acentuado nas almas mais puras, inteligentes, livres.
Ora, esse sentimento que representa um dos elementos constitutivos da natureza do homem é uma tendência tão real e viva como qualquer outra inclinação física, intelectual ou social. Deve, portanto, possuir uma causa e um objeto reais: por conseguinte, Deus existe como causa e objeto do sentimento religioso e das aspirações superiores da alma humana.
e) A experiência Mística: Certas almas privilegiadas, profundamente religiosas, como os apóstolos e muitos outros que ao longo da história eclesiástica, têm afirmado ter estado em contato direto e vivo com Deus, de uma maneira que ultrapassa todos os meios de expressão humana. Nesse contato experimental tiveram o ensejo de desfrutar, com irresistível evidência, a presença soberana de Deus. Essa experiência dessas pessoas especiais, é absolutamente inexplicável sem a intervenção de Deus. Não é possível acreditar que todos esses homens e mulheres de Deus tenham enganado ao afirmarem, com convicção serena e inabalável, a existência das mesmas realidades sobrenaturais que conheceram por experiência pessoal.

Relação de Deus com o mundo.
Na explicação das relações de Deus com o mundo, temos três correntes: o dualismo, o panteísmo e o antropomorfismo. a) dualismo: que admite a coexistência de dois princípios, um de perfeição e outro de imperfeição, ambos eternos e necessários, concorrendo ambos para a formação do mundo; b) O panteísmo: que afirma a identidade substancial de Deus e do mundo; c) O antropomorfismo: que humaniza Deus ou diviniza o homem.

Criação e providência:
As relações entre Deus e o mundo são explicada de maneira racional pela doutrina da criação e da previdência. Segundo a concepção criacionista, Deus, pelo seu poder e bondade infinitos, tirou o mundo do nada, isto, sem perda da sua substância, deu existência ao mundo. Segundo a concepção providencilista, Deus não abandonou o mundo depois de criá-lo. Continua, ao contrário, a influir, a todo momento, sobre o mundo, com sabedoria e amor, para conservar e dirigir no sentido dos fins estabelecido pela ordem da criação.

Imanência e Transcendência.
Deus está unido ao mundo que criou, mas dele se distingue como realidade independente. Sendo a causa primeira de tudo o que existe, Deus é imanente pela sua presença contínua e atuante, pois seres existem e subsistem pela influência constante do seu poder criador e providencial. Essa imanência não deve ser entendida como identificação com o mundo, o que seria incidir no erro dos panteístas. A sua transcendência, significa que Deus não está limitado ao espaço e nem ao tempo, ao mesmo tempo que afirma absoluta independência de Deus em relação ao universo e o seu domínio sobre todas as coisas. O exame da natureza e atributos divinos que acabamos de realizar nos leva à conclusão de que Deus, sendo um Ser infinito, substancialmente distinto do universo que criou, conserva e dirige, e um Ser pessoal, isto é, dotado de uma personalidade autônoma, inteligente e livre.

Conclusão
As pessoas que não tiveram um contato mais aprofundado com a Teologia e nem com a Filosofia, às vezes ainda que inconscientes desta realidade, admitem que a existência, natureza e atributos de Deus é um problema que ultrapassa os recursos da razão, só podendo, por isso, ser resolvido pela fé. Por outro lado alguns negam à razão e à fé o poder de provar estas verdades. Mas como demonstramos, a inteligência humana, partindo dos efeitos sensíveis, pode elevar-se, por meio do raciocínio, até à natureza e atributos de Deus, a Causa Primeira da realidade Universal.

6- ÉTICA CRISTÃ
Origem da Palavra:
Ethos (grego) = Costume, hábito, disposição.
Mos (latim) = vontade, costume, uso, regra.
Daí temos que Ética é a disposição ou vontade de se seguir bons costumes ou hábitos.
Definição: Ética Cristã é o conjunto de regras de conduta, para o cristão, tendo por fundamento a palavra de DEUS. Para nós, crentes em JESUS CRISTO, o certo e o errado devem ter como base a Bíblia Sagrada, a nossa regra áurea de fé e prática.
VISÃO GERAL DA ÉTICA SECULAR E DA ÉTICA CRISTÃ:









Visão Ética secular Ética Cristã
1- Antinomismo Depende da pessoa e das circunstâncias. O homem é seu próprio deus. Cada um age como quer. Pv 14.12 Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte. Devemos viver de acordo com a palavra de DEUS.
2- Generalismo A conduta de alguém deve ser julgada de acordo com seus resultados. É o fim justificando os meios. Mc 13.31 Passará o céu e a terra, umas as minhas palavras não passarão. Os pecados separam o homem


O que é Ética e o que é Moral?
http://pibi.tripod.com/estudos/etica.htm

O propósito do empreendimento ético é decidir o que é certo e o que é errado de se fazer. Sua preocupação principal é a conduta apropriada, mas também considera as atitudes e os motivos dos quais a conduta resulta. Conduta é o comportamento, o procedimento moral.
A distinção entre ética e moral é (basicamente) a diferença entre teoria e prática, ou pensar e fazer. Devemos observar a regra do ouro em Mateus 7:12 ("Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas"). Por que é difícil fazer as coisas certas? É mais fácil fazer o que é errado? Por que?
Tendemos a ser corruptos. O pecado é o aniquilamento do bem. O mal não tem existência independente (por si só ele não existe). Qualquer coisa má (atitude, comportamento, ação, pensamento, etc) é alguma coisa boa que saiu do controle. Exemplos: orgulho: amor próprio aumentado desproporcionalmente, ganância: apreciação por coisas que se tornou idolatria ou egoísmo, etc. Toda coisa má é alguma coisa boa que se corrompeu (se distorceu, saiu do controle).
Todos os seres humanos (sem exceção) foram criados para o bem; pois Deus nos fez a sua imagem e semelhança; com caráter e conduta semelhantes ao dele próprio; conferir em Gênesis 1:27,28 e I João 4:8 ("Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor"); mas infelizmente, a corrupção tem sido uma inclinação para o mal; é a ausência de uma coisa boa e necessária. É a atitude de se afastar de Deus; é a nossa rebeldia que ocasiona o pecado (Romanos 3:23 "porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus").
O Espírito Santo constrói e restabelece o relacionamento com Deus; através do Evangelho (Boas Novas de Jesus Cristo), Ele estabelece a comunicação com Deus. Capacita a pessoa a aceitar o amor e perdão de Jesus Cristo; Ele cria e sustenta a fé.
O cristão é simultaneamente "duas pessoas": a velha e a nova. A primeira com idéias, valores e padrões distorcidos e suscetíveis (que recebe influência) de satanás. Já a nova pessoa tem comportamento que são parecidos com os de Jesus Cristo e suscetíveis a Deus. A nova pessoa tem aversão por coisas que ofendem a Deus e ferem os outros; opõe-se as influências más!
O que Deus faz por nós (através de Jesus Cristo e do Espírito Santo), nos dá razões para agirmos de acordo com a Sua vontade; temos o desejo de louvar a Deus e ajudar os outros. (Marcos 12:30-31 "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.").
Em discussões éticas, normas são instrumentos que indicam e medem a correção moral. "Há vários tipos de normas". O mais específico são as regras; muito práticas e concretas (ex.: não se embriague). Através das regras vem os princípios: "coma e beba para a glória de Deus" é uma maneira de expressar o princípio por trás da regra contra a embriaguez. O supremo propósito da vida é glorificar a Deus!!! Deus que fez os seres humanos, nos conhece melhor que nós mesmos! Embora escrita por homens, a Bíblia é a autêntica e autorizada Palavra de Deus; seu propósito principal é comunicar as boas novas do perdão através do Sangue, Morte e Ressurreição de Jesus, e dar-nos entendimento da vontade de Deus para as nossas vidas.
Justificação é o dom do perdão de Deus por amor de Jesus. Santificação é o dom de Deus na nova personalidade (pessoa), também por amor de Cristo (por ter morrido em nosso lugar - sacrifício vicário).
O Fruto do Espírito descrito em Gálatas 5:22 é: amor (I Co. 13), gozo, paz, longanimidade (que não se irrita facilmente; suporta as adversidades: situações contrárias), bondade (indulgência, complacência, benevolência, tolerância), fidelidade(lealdade, firmeza), mansidão, domínio próprio (sereno, pacífico, calmo, tem humildade). É agradável render-se à vontade de Deus reconhecida como superior e melhor que a nossa. (Deus esquadrinha os nossos corações, não é por força, persuasão, medo etc.)
O desejo de testemunhar nasce diretamente da consideração à Deus. É o anseio de glorificá-lo e ajudar aos outros a notá-Lo e apreciá-Lo. A preocupação com as pessoas (com seu bem estar) é a fonte motivadora de testemunho. O amor manifesta-se no respeito aos outros.
Muitas qualidades surpreendentes caracterizam o amor* (conferir I Co. 13, Fil. 5:25,28,31,33; etc.). O amor não é só intensificação ou variação do amor por alguém (apego, inclinação a uma determinada pessoa); pelo contrário, tem elementos Divinos e transcendentes (superiores, e exteriores). É dom e ação de Deus. Para enfatizar a singularidade do amor que Deus gera na nova pessoa, o Novo Testamento no original grego emprega um termo especial: ágape. Outros tipos de amor (philía e éros) referem-se a outros tipos de amor humano.
Uma das impressionantes qualidades do amor é o desprendimento. O amor ágape é ativado não (somente) pelo atrativo ou utilidade do outro, mas sim pela sua necessidade. Mesmo os que são indignos e não merecedores tornam-se alvo. (Uma vez que não há digno ou merecedor, conferir Ef. 2; Jo. 3:16; Rom.3:23, Jo. 15:13; Rom. 5:8; etc.).
"Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos" (I Jo. 3:16). A consideração pelos outros é a base da integridade Cristã.
Amar os outros envolve perdão: "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I Jo. 1:9). De forma ampla, a ética cristão é uma tentativa de entender a vontade de Deus em assuntos difíceis e confusos que não são discutidos claramente. Isto requer sabedoria e ela pode ser nossa pelo pedir "Mas se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos". (Tiago 1:5). Com isto temos a oportunidade de consultar a Deus na sua Palavra e Oração, somados ao auxílio do Espírito Santo.
Somente através da doação amorosa e vicária de Cristo podemos escapar da condenação e esperar o perdão (isto só é possível mediante a fé em Jesus Cristo: Ef. 2:8). Apenas o que crê é perdoado e salvo. Há pelo menos 3 fases para a resposta a fé:
descubro que preciso de Cristo e de Sua ajuda (estou consciente que sou pecador e estou perdido sem Ele)
quero Cristo (desejo e anseio por Ele e seu auxílio)
aceito-O (confio em suas promessas, sei com certeza que possuo Aquele de quem preciso e quero).
Segurança temos de que nossas falhas não nos condenarão no julgamento final. Cada erro cometido, cada oportunidade para o bem não aproveitada, cada motivo e inclinação corruptos são apagados pelo perdão de Deus (perdão, este, que só tem aqueles que entregaram sua vida para Jesus e reconheceram-no como Único e Suficiente Salvador, admitindo-o como autor e consumidor de suas vidas). A verdade é que não há nada em nós para termos motivo de nos orgulharmos; a não ser da experiência da conversão. Se somos justificados é apenas porque reconhecemos humildemente o pecado e aceitamos o perdão de Deus por amor do sacrifício remidor de Jesus (morte/ressurreição).
A melhor e mais elevada liberdade é a oportunidade de se submeter à vontade de Deus (reconhecida como melhor), de encontrar satisfação na obediência a Ele.
Deus é desonrado por aqueles que dizem crer nele quando dão poucas evidências (provas) na sua conduta; mas Deus é notado e louvado como resultado de nosso progresso (resultado da nossa Salvação).
O padrão moral é o conjunto de crenças e julgamentos sobre o que é certo e errado fazer. Princípios são diretrizes mais gerais, regras são mais específicas; a direção à Deus é a base adequada para a ação. Ele promete graça para cobrir os erros éticos e morais que inevitavelmente cometemos, embora tentamos evitá-los consciosamente!


7- DEUS E A CIÊNCIA HUMANA
Pr. Gilson Jr.
http://www.batistaestoril.org/leitura_past_ler.php?codigo=184

“Acaso, alguém ensinará ciência a Deus, a ele que julga os que estão nos céus?”
Jó 21:22

A cada dia vemos a humanidade expandindo seu conhecimento. Em nenhum tempo da história foi visto um crescimento tão espantoso da ciência. São diversas áreas do conhecimento, que visam melhorar a qualidade de vida do homem. Filosofia, Psicologia, Pedagogia, História, Arqueologia, Medicina, Arquitetura, Física, enfim, uma infinidade de conhecimento que está à disposição das pessoas como nunca houve antes. Mas, até que ponto a ciência pode ser usada para a glória de Deus? Há algum campo do conhecimento humano que tenha sido inventado pelo homem?
Como podemos ler no texto de Jó, ninguém precisa ensinar a Deus nenhuma área do conhecimento, pois Ele é o detentor de toda a ciência. Ele conhece tudo e não há mistério que Deus não saiba. Se o homem é capaz de aprofundar seus conhecimentos, Deus está por trás de tudo. Anular a obra de Deus neste sentido é dar ao homem uma capacidade que ele não tem. Dizer que algum campo da ciência foi inventado pelo homem é querer igualá-lo a Deus. Somente Deus pode criar alguma coisa. É Ele quem inspira os homens, que dá capacidade para que eles descubram coisas para o benefício da própria humanidade.
A partir disso podemos afirmar com toda a certeza que qualquer ramo da ciência pode ser usado para a glória de Deus. Vemos por exemplo, que Moisés “foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras.” (At. 7:22). Deus não apenas lhe deu um conhecimento espiritual profundo, mas também um conhecimento intelectual. Não podemos apenas espiritualizar as coisas. Deus também age usando as pessoas e os conhecimentos que elas têm. Outro exemplo disso está em Daniel 1:4, que diz: “jovens sem defeito físico, de boa aparência, cultos, inteligentes, que dominassem vários campos do conhecimento e fossem capacitados para servir no palácio do rei. Ele deveria ensinar-lhes a língua e a literatura dos babilônios.”.
Esta descrição do livro de Daniel nos mostra jovens israelitas sendo selecionados para servirem no palácio real. Tanto Daniel como seus amigos, Hananias, Misael e Azarias, foram escolhidos por estarem de acordo com as exigências. Eram cultos, sabiam diversas áreas do conhecimento. Deus usou estes jovens, pois aliaram o conhecimento que tinham com uma profunda devoção a Deus.
Por isso, não há nenhum problema entre Deus e a ciência, justamente porque Ele é o Senhor do conhecimento. Podemos usar todas as áreas do conhecimento humano para a glória de Deus. Os maus exemplos que vemos da ciência sendo usada para fins malignos apenas revelam o livre-arbítrio que Deus deu ao homem. A Bíblia diz: “E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos...Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou cabeça de todas as coisas para a igreja” (Ef. 1:9,10,22). Quando Cristo veio ao mundo e morreu na cruz, Deus sujeitou todas as coisas ao Senhorio de Cristo, e isso inclui também a ciência. Por isso a obra da cruz é perfeita, pois ali Deus restaurou todas as coisas para a sua glória, desejando que usemos os nossos conhecimentos para servirmos a Cristo.

ORIENTAÇÃO PARA ESTUDOS
Visando auxiliar na sua compreensão e no seu crescimento intelectual, achamos necessário apresentar algumas dicas, simples, mas de extrema importância para um bom aproveitamento de estudos.
Leia a primeira vez para conhecer o conteúdo;
Releia, lentamente, parágrafo por parágrafo;
Grife as palavras desconhecidas e procure o seu significado no dicionário;
Sintetize, oralmente, o que leu;
Responda às perguntas porventura existentes no final do texto.

PERGUNTAS
Dê a definição de religião.
Qual é o objeto de estudo da teologia?
Qual a importância da Teologia?
Qual a relação entre Teologia e Religião?
Qual é a sua definição de Deus?
O que nos prova a existência de Deus?
O que caracteriza a fé?
O que caracteriza a ética cristã?


9- Comente o texto abaixo: “Da licença” de Rubens Martins Amorese.

A CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO
Logo depois de responder as questões comente sobre o que achou do conteúdo estudado, se realmente foi proveitoso ou se há algum conteúdo interessante que não foi abordado.
Comente também sobre suas facilidades e dificuldades diante da disciplina.
Comente sobre sua atuação nas aulas presenciais.
Insira textos complementares: textos da internet, reportagens de jornais e revistas etc.
Personalize seu portfólio para que ele realmente possa transparecer sua caminhada ao longo do curso, ele é o seu “diário de bordo”.

Texto para reflexão:
DÁ LICENÇA?!
Reflexões sobre Modernidade, Ética e Igreja
Rubem Martins Amorese
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdia de Deus, que apresenteis vossos corpos por sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12.2)
Você decide: seu pastor jamais saberá que você foi quem começou a fofoca. Na verdade, tudo levava a crer que aquele "amado irmão" era mesmo o culpado. Mas não era. Erro de cálculo. Você procura o pastor ou fica quieto?
Você decide: procura para conversar com aquele irmão que dizem ter falado mal de você, ou deixa correr, entregando o caso para Deus?
Você decide: rasga o cheque de mil dólares de um tal de John Smith, provavelmente um turista americano, que você achou numa carteira perdida, sem identificação, ou procura um doleiro?
Você decide: compra aquele telefone sem fio do muambeiro do Paraguai ou paga o dobro na loja em frente à sua barraquinha de oportunidades?
Você decide: avisa seu chefe sobre o erro no seu contracheque ou fica com aquela "nota preta" a mais que veio por engano?
Algumas respostas a situações semelhantes nós temos. Num desses programas "Você decide", da televisão, uma pessoa achou uma mala cheia de dinheiro - cem mil dólares - que ele acaba descobrindo ser destinada a um orfanato. Ele tem que decidir, com a ajuda dos telespectadores, se devolve a mala e perde a grande oportunidade de sua vida de sair do buraco, ou fica com ela e passa a viver no bem bom. Ganhou, como manifestação da vontade popular, que ele ficaria com o dinheiro, porque não é sempre que uma coisa dessas acontece com a gente, e não se deve jogar fora uma oportunidade assim.
Noutro programa do mesmo tipo, um escritório de advocacia é chamado pelo cliente milionário com urgência. O ajudante tenta localizar o chefe mas não acha. O cliente não pode esperar, pois está morrendo. Vai ele mesmo. Lá chegando, o velho lhe pede que bata um testamento, num papel já assinado por duas enfermeiras como testemunhas. O velho dita o texto e chega na parte que ele deixa metade da sua fortuna para o instituto de pesquisas de doenças tropicais que o manteve vivo por algum tempo mais. Mas na hora em que o advogado vai datilografar o nome, o velho tem uma síncope e pede o papel rápido. Ele o tira da máquina, e o estende ao velho. Este o assina e morre. Você colocaria, no espaço que falta, o nome do instituto ou o seu próprio, herdando uma fortuna incalculável? O público decide que ele não pode perder uma oportunidade dessas, porque a felicidade só passa uma vez. E o rábula fica rico. (...)
Vivemos tempos de grande confusão ética.
Somos um povo eticamente confuso, dirigido por governantes eticamente confusos, eleitos por critérios e valores duvidosos, sobre os quais a igreja pouco tem podido falar porque também tem sujado os dedos no melado.
Numa dessas entrevistas do Jô Soares Onze e Meia, o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, que lançava seu livro intitulado "Vícios Privados, Benefícios Públicos? A Ética na Riqueza das Nações", dizia que se examinássemos os jornais, os artigos de revista, os comentários de televisão, os seminários, as conferências, etc., a partir de seu conteúdo, diríamos que nosso país é uma maravilha, porque tem pessoas brilhantes, que dizem coisas brilhantes, sobre temas brilhantes. Um apanhado das observações de Boris Casoy, uma amostra apenas dos últimos seis meses, seriam suficiente para canonizá-lo. Será que ele é tão bom quanto suas opiniões?
De fato, toda a realidade nacional é analisada com clarividência e coberta por propostas fantásticas, principalmente dos ex-ministros de economia, nas primeiras duas páginas do jornal. No entanto, apesar de tanta gente brilhante, dizendo e propondo coisas brilhantes, temos medo de ler as demais páginas do mesmo jornal. As duas primeiras falam das análises e propostas. As demais falam do Brasil real.
Somos um país de gênios em todas as áreas, mas que ainda não arrancou. Por que será? E a resposta de Gianetti é que há um abismo entre o desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento ético que deveria acompanhá-lo. As brilhantes soluções só valem para os outros. O Brasil são os outros. Para mim, as regras são outras. Para mim, não valem os cortes, os sacrifícios, a disciplina, a verdade, o altruísmo, a bondade, a ética, enfim. Para mim, valem o lucro, o ganho imediato, os fins sem meios, a vantagem, a vitória, a qualquer preço, o sucesso, o prestígio, o poder. Tudo isso, é claro, com muito, mas muito charme. O todo é menor que a soma das partes, diz Gianetti. Casa de ferreiro, espeto de pau, digo eu. (...)
Estamos eticamente confusos, porque perdemos nossos referenciais, e não sabemos onde nem como buscá-los, porque eles só são encontrados na solidariedade. Não nos enganemos: o próprio Deus só é encontrado no próximo, conforme I João 4.
Na verdade, entre o ponto "a" do diagnóstico, do que é, e o ponto "c", da proposta, do padrão, do referencial, do que deve ser, objetos da ética, há um elemento "b": o processo de sair de "a" para "c". E esse processo "b" é o que não sabemos mais percorrer. Pensamos que basta conhecer o ponto "c", "o que deve ser". Mas, por algum motivo, no Brasil, pelo menos, não nos aventuramos na práxis do "b". Falta-nos digamos, "vontade política". E na falta de vontade política - que vovó chamaria de falta de caráter -, dizemos que é melhor ficar como está, porque é "politicamente correto" - que vovó chamaria de falta de vergonha. Na falta de "vontade política" para fazer um regime, dizemos que ser gordinho é charmoso e sensual.
Interessa-nos inquirir sobre como chegamos a este estado de coisas, a essa confusão toda, e que tipo de contribuição poderá dar a igreja na virada do milênio. Minha tese é que a missão da Igreja num país com este tipo de crise é, simplesmente, ser igreja: ser e oferecer-se ao mundo como a comunidade da solidariedade, da esperança, do amor, da aliança. Somente com uma forte afirmação de sua verdadeira identidade, ela poderá ajudar. Na medida em que ela absorve a crise ética e se perde nela, ela se descaracteriza enquanto igreja, e se torna útil para ser lançada fora e pisada pelos homens.

Extraído do livro Excelentíssimos Senhores, de Rubem Martins Amorese, Editora Ultimato, 1ª Edição, 1995, págs. 41 a 44.
http://www.ebdweb.com.br/

BIBLIOGRAFIA

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad., coord, e ver. Alfredo Bosi. São Paulo, Mestre Jou, 1982.

JOLIVET, Regis. Curso de Filosofia. Trad. Eduardo Prado Mendonça. 11ª Ed. Rio de Janeiro, Agir, 1972.

OS PENSADORES. São Paulo, Abril Cultural. Coleção da qual foi utilizado o volume, Tomás de Aquino.

COTRIM Gilberto. Fundamentos da Filosofia, 8ª Edição Editora Saraiva, 1991.

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