quarta-feira, 12 de agosto de 2009

“UM CANDELABRO TODO DE OURO”

“UM CANDELABRO TODO DE OURO”

Capítulo 1 – Sua Função

Ler: Ex. 25:31-40; 37:17; Zac. 4:1-7.

"Farás um candelabro de ouro puro." (Ex. 25:31). É a última parte da sentença que é a mais importante - "um candelabro de ouro puro," mas há algo muito significativo e importante a respeito da primeira parte: “Farás”...

A NECESSIDADE DE UMA NOVA POSIÇÃO ESPIRITUAL

Em abordando este assunto do candelabro de ouro puro, assim o fazemos a partir de um ponto mais distante. Ficamos afastados, reservados. Penso que todos nós estamos conscientes do crescente senso de necessidade entre o povo do Senhor de uma nova posição espiritual. Pode não ser universal ou geral, mas é algo que encontramos bastante nesses dias, e, quando você chega a pensar a respeito, é uma coisa que marca a Palavra de Deus completamente. – isto é, um desafio de se alcançar uma nova posição. Você encontra isto na Palavra, você encontra isto na história subseqüente. Até mesmo quando as pessoas do Senhor estão no caminho certo, ou na direção certa, estas necessidades é constantemente trazida diante delas _ a exortação a não permanecer no mesmo lugar, a não descansar lá, mas a prosseguir. Isto, de modo geral, é muito verdadeiro em relação à história espiritual do povo do Senhor e todos os métodos do Senhor com o Seu povo _ constantemente desafiando, constantemente criando um senso de necessidade de se alcançar uma posição que ainda não foi alcançada, ou, pode ser, em alguns casos, para se recuperar uma posição da qual eles tinham retrocedido.

Porém, entre nós mesmos (e quando dizemos nós mesmos, quero dizer aqueles de nós que têm relação aqui neste ministério, no qual frequentemente temos chamado este testemunho) este senso está crescendo _ um senso de necessidade de se chegar a um novo lugar espiritual. Um e outro tem particularmente expressado isto para mim durante esses meses que se passaram - 'Preciso chegar a um novo lugar com o Senhor, preciso de alguma maneira alcançar uma nova posição’. Isto é expresso de diferentes maneiras, mas o que está por detrás disso é este senso de que estamos sendo exercitados, forjados, e que circunstâncias dominantes estão nos forçando a isto. Devemos de alguma maneira, chegar a uma nova posição espiritual. Penso que muitos de vocês encontrarão uma resposta a isto em seus próprios corações.

Há muitos aqui que não têm estado conosco por muito tempo, e não conhecem a história espiritual das coisas entre nós. Para essas pessoas, aquilo que vou dizer deve ser uma explanação do por que estamos aqui, de que isto significa algo mais do que apenas pessoas cristãs vindo ocasionalmente às conferências, às reuniões.

Agora, este senso do qual tenho falado, enquanto ele leva às pessoas envolvidas uma considerável quantidade de problemas, e exercícios, e provação, é, afinal de contas, um sinal muito saudável. A coisa mais prejudicial seria a de nos conformarmos à nossa posição espiritual. Tal senso de necessidade e desafio conduz à uma reflexão, e esta reflexão leva a um contato com o Senhor, e pode levar a alguns ajustes, corrigindo aquilo que pode ser errado ou falso. Irá levar a uma revelação da nossa posição. O principal resultado de tal exercício deve, e deverá ser o de que venhamos a nos agarrar àquilo a que o Senhor realmente nos tem chamado. Irá nos levar, ou deverá nos levar, ao lugar onde dizemos: “Bem, qual a finalidade de tudo isso? O que o Senhor quer dizer com isto? O que Ele busca? O que é isso para o qual Ele nos tem chamado?” E para descobrir ou redescobrir isto, terá que haver bastante explanação sobre os tratamentos do Senhor para conosco. Isto irá nos ajudar, talvez, a lançar fora muito daquilo que é supérfluo, e ficarmos com aquilo que é essencial.

Agora, esta chamada, este propósito de Deus, este objeto de exercício, o significado deste desafio, e este senso de necessidade, é muito concretamente e, penso, inclusivamente representado por este candelabro todo de ouro. Muitos de vocês irão perceber isto naquela frase, estamos voltando ao início de nossa história local, atrás de todas as coisas de todos esses anos. Está atrás daquele título do livro: “Uma Testemunha e Um Testemunho” _ sobre a capa na qual um candelabro é visto. É aí que começamos. É isto que é suposto ter estado governando através de todos os anos. Isto não está simplesmente colocado sobre uma revista; isto é o que tem sido imposto sobre nós por Deus desde o princípio - "um candelabro todo de ouro" – e há um desafio a nós para fazê-lo desta maneira, para produzi-lo, para ter a coisa finalmente em nós, realmente, verdadeiramente.

Parece-me haver três aspectos daquele castiçal. Um é a função; dois é o seu caráter; e três é a sua forma.

A FUNÇÃO DE UM CANDELABRO – DAR LUZ

Simplesmente e precisamente, a função de um candelabro é dar luz; não ser um ornamento, não uma coisa bonita para se olhar, não um simbolismo místico para causar interesse, para fascinar e para intrigar; não uma sugestão obscura, imperceptível. Não _ para dar luz! É pra isso que serve _ luz. Na intenção e no pensamento de Deus, a função começa e termina aí. No início do livro do Apocalipse, o Apóstolo, registrando a sua visão, disse: "Virei-me para ver a voz daquele que falava comigo. E, havendo virado, vi sete castiçais de ouros; e no meio dos castiçais havia Semelhante a filho de homem” (Ap. 1:12-13). E, na medida em que o Senhor começou a falar para e através do Seu servo, qual foi o assunto _ para cada igreja, a única questão da qual sua existência dependia era a função do castiçal. Foram feitas muitas observações, mas a única coisa vital era a luz; e o Senhor disse muito claramente que as igrejas não tinham justificativa por continuar suas existências, exceto na área da função do castiçal. "Irei remover o seu castiçal do seu lugar” – Quando? - quando se tornar meramente um castiçal, e não um doador de luz; quando a coisa sem o seu significado estiver lá; quando o instrumento, a criação, existir sem a sua função. Quando essas condições ocorrerem, você pode perfeitamente remover o castiçal, e o Senhor disse que Ele o faria. A função do castiçal que a igreja é chamada a realizar é prover luz _ isto é tudo.

A Verdadeira Luz é um Impacto

Mas há uma ou duas coisas a ser dita sobre a luz. A primeira é que esta luz, para a qual o povo de Deus é criado, formado, constituído, é um impacto. A verdadeira luz é um impacto. Tanto é um impacto que qualquer coisa que for contrária a ela não pode co-existir com ela, mas tem que sair. Esta é a prova de que ela é a luz Divina. Sabemos muito bem algo do impacto da luz. Saímos subitamente da escuridão para o esplendor do sol, e não podemos suportar a luz; temos que tampar nossos olhos, o impacto é demais para nós. Quando saímos da luz para um lugar escuro, onde há coisas que pertencem à escuridão, e não à luz, elas imediatamente desaparecem. É um impacto.

O que eu quero dizer é que o testemunho do candelabro não é dar um monte de informação. Não é simplesmente a afirmação ou apresentação de fatos frios. Não é simplesmente uma questão de doutrinas e verdades; e é tão fácil, no decorrer do tempo, para que aquilo que começou como um impacto de luz se degenerar em palavras, montanhas de palavras, e idéias _ escriturísticas, espirituais, de certa forma, idéias Divinas. É tão fácil se degenerar nisso, e para tudo aquilo ser apresentado num grande volume, e, contudo, de uma forma ou de outra, o poderoso impacto não ser apresentado, registrado e sentido entre aqueles que têm isso tudo. E penso que isto é um dos desafios das igrejas em Apocalipse. Elas tinham os seus ensinamentos e crenças ortodoxas; elas entregariam as suas vidas por esta verdade; elas odiavam certas coisas que não eram sadios; mas o impacto tinha sumido. Estava tudo certo quanto ao modo, mas não quanto ao impacto da luz. As trevas ao redor não eram provocadas e desafiadas por sua presença. O reino dos poderes malignos não estava ciente de que ali estava algo com que se preocupar. Sabemos tudo isso _ ah, mas isto não é o suficiente; aquilo poderia ser mais para condenação do que o contrário.

Agora, isto não tem a intenção de ser uma palavra de condenação, ou de julgamento, ou de crítica, mas isto não explica muito _ os métodos e caminhos do Senhor para conosco? Especialmente pode isto ser assim onde haja este senso de necessidade de uma nova posição. Nós temos tentado pesar a nossa posição, talvez, a partir do ponto de vista de nossas crenças, ou doutrinas, ou ensinamentos _ temos dito: “Sim, mas a nossa posição está em conformidade com a Palavra de Deus, ela é tão escriturística” _ mas podemos não tê-la pesado do ponto de vista do impacto de nossas crenças. Que efeito está sendo produzido? A luz, do ponto de vista de Deus, não é apenas luz fria; é um poderoso impacto. Assim, essas igrejas na Ásia foram desafiadas no terreno, não do que criam, se apoiavam, ou até mesmo ensinavam, mas do efeito de sua posição contra cada aspecto do terreno das trevas.

A LUZ DA SANTIDADE DE DEUS

Uma outra coisa sobre o candelabro, ou sobre este testemunho, diz respeito ao seu objeto de iluminação _ isto é, o que ele ilumina. O que ele ilumina? O que ele torna claro com um impacto? Ele não apenas mostra certas coisas, mas mostra-os com um impacto, e está aqui, penso eu, para que possamos melhor entender o que queremos dizer por impacto. Uma das coisas do castiçal todo de ouro é para iluminar com um impacto a santidade eterna de Deus _ a santidade eterna de Deus trazida para o meio da Igreja, na Pessoa do Filho do Homem. Bem no início da descrição do Filho do homem no meio dos candelabros está isto: “E a Sua cabeça e Seu cabelo eram brancos como a lã, brancos como a neve.” Retorne ao livro de Daniel, e você descobrirá que esta descrição é dada Aquele que é chamado de “O Ancião de Dias” _ "o cabelo de Sua cabeça como puro algodão” (Dan. 7:9) Como eu entendo, a cabeça e o cabelo como branco algodão simboliza idade _ sem começo e sem fim, que abrange todo o tempo _ santidade absoluta, pureza absoluta. Quando você reconhecer que tudo está sendo trazido a julgamento perante este “Filho do Homem”, este “Ancião de Dias”, este “Pai da Eternidade”, você entenderá que isto significa que todas as coisas estão sendo primeiramente tratadas e desafiadas no campo de Sua Santidade Eterna; e o castiçal traz este testemunho à luz como um impacto.

"Farás um candelabro de ouro puro”. O que isto significa? Significa que, onde Deus vai ter o que Ele quer, a santidade será um impacto, um impacto sobre a falta de santidade. Você não pode ter algo que não é santo persistindo lá. Santidade não é uma palavra muito amada; ela é muito temida. Não é um assunto no qual podemos abordar em todos os detalhes agora; mas é um assunto a respeito do qual podemos ter nossa própria compreensão secreta, e vida com Deus. Porém fique certo que, uma vez que aqueles olhos de chama vêem qualquer coisa que é inconsistente com aquela cabeça e cabelos brancos como a branca lã, o impacto daquele testemunho é enfraquecido, é perdido, e a justificação daquele castiçal perde a eficácia. É uma palavra solene, mas não é verdade, gravemente verdade, de que podemos ter uma porção de doutrinas de primeira classe, de verdade, de idéias Divinas, podemos ocupar um elevado nível de ensino, e, contudo, ao mesmo tempo, pode haver muita coisa na vida particular, na vida pessoal que não é santo, que não é puro, isto não poderá suportar a luz da presença de Deus. Digo isto, e paro por aqui.

Isto é, naturalmente, onde entra a responsabilidade. "Farás um candelabro". Há coisas a serem tratadas diante do Senhor, coisas que não são santas. Deixo isto com você; mas estamos interessados sobre o nosso efeito sobre os poderes das trevas, sobre as trevas ao nosso redor _ nosso efeito sobre as trevas, tanto absoluta quanto comparativa; que possamos registrar, não o nosso ensino, não o nosso sistema de verdade, não as nossas idéias, mas a presença de algo que é mais do que palavras, muito mais do que até mesmo uma linguagem escriturística - o registro de um poder real. É sobre isso que estamos realmente interessados, que as forças das trevas, em cada nível, possam encontrar algo por meio de nossa presença. Isto nunca acontecerá se essas forças das trevas tiverem alguma escuridão dentro de nós, se elas tiverem seus próprios terrenos. A força das trevas é a falta de santidade. A força delas não é oficial, está em sua natureza. Se as trevas puderem colocar alguma falta de santidade em nós, elas nos vencem; elas riem dos nossos ensinos, elas ridicularizam daquilo que chamamos ser nosso testemunho. Não significa nada para elas quanta verdade profunda tenhamos. Elas estão no lugar de poder por causa da falta de santidade, e nós aprendemos das Escrituras que a falta de santidade de apenas uma vida em uma turma é suficiente para impedir o progresso de todo o conjunto; um Acã pode trazer todo Israel para uma paralisação e derrota. "Farei um candelabro" – faça isso! Isto é assunto seu, é assunto meu. A luz da santidade eterna de Deus é uma força tremenda. Oh, o inimigo não pode suportar isto, e tem que fazer alguma coisa a respeito! Oh, aquelas pessoas que estão erradas diriam: ‘'Se eu permanecer aqui, tenho que fazer coisas certas’; coisas reveladas, que precisam ser tratadas, não porque alguma coisa foi dita, mas por causa da presença do Senhor em Santidade. Santidade é um poder tremendo. Tem que estar presente a luz dessa santidade, sendo percebida.

A LUZ DO GRANDE AMOR DE DEUS

Então, o candelabro é a luz do grande amor de Deus. Uma outra coisa que é dita sobre este Filho do Homem no meio dos castiçais é que Ele está cingido no peito com um cinto de ouro. Mais um simbolismo; cinto fala de força, força em ação; o peito, as afeições, o local de amor. Cingido com a poderosa força do amor Divino no meio dos castiçais. O castiçal, o testemunho, também deve ser assim _ o impacto desta luz, desta força do amor Divino. Oh, aqui todos nós devemos confessar as nossas faltas, e nos humilharmos diante do Senhor. Temos tanta verdade, tanto ensino, tanto conhecimento, tanta informação espiritual, mas o que as pessoas encontram na questão do impacto de amor? Este grande amor de Deus é uma das coisas que Satanás realmente não pode suportar. Você não sente que precisa de uma nova posição sobre isto? Você não teve qualquer exercício sobre o amor? Este é o ponto ao qual chegamos _ Qual a finalidade de continuarmos mantendo um candelabro? Não temos nenhuma sala para castiçais ornamentais. É a função que justifica o candelabro, e a sua justificação está aqui _ a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo, em termos do grande amor de Deus, o cingir-se do amor Divino.

Ouça! Faça um candelabro. Há algo que temos que fazer a respeito disso. Temos estado esperando por uma inundação de amor, algo que aconteça conosco neste assunto, esperando que o amor venha sobre nós. Temos pedido ao Senhor para nos encher com o amor. Isto é muito bom; porém há um outro lado. Fazê-lo! Faça alguma coisa a respeito disso! Temos uma parte nesta questão do grande amor de Deus. Será uma grande batalha _ somente Deus sabe que batalha é! _ por causa da importância e do valor de tal testemunho, do terrível efeito que ele irá ter no reino das trevas, no reino do ódio. Toda esta obra de suspeita, de crítica, e dúvida, toda essa variada obra de ódio de Satanás daquilo que chamaremos suas formas simples (se existirem tais coisas como formas simples de ódio) entre os cristãos, daquelas coisas terríveis que encontramos no mundo hoje, a obra de Satanás de um universal e terrível ódio _ a única coisa que pode conter tudo isso é o grande amor de Deus. Pense sobre isso. Nós temos que fazer algo a respeito, temos que fazer o candelabro. Somente podemos fazê-lo por meio da Graça Divina, porém nós iremos fazê-lo quando pensarmos sobre essas coisas, iremos fazê-lo quando enfrentar estas questões, quando lidarmos com os nossos próprios corações diante do Senhor.

A LUZ DO PODER DA JUSTIÇA DIVINA

Então, é a luz do poder da Justiça Divina. Uma outra coisa dita a respeito do Filho do homem no meio dos castiçais é que os “Seus pés eram como o bronze polido, como se tivesse sido refinado numa fornalha." O bronze é sempre símbolo de força, mas também é símbolo de justiça; e, vendo que são os Seus pés que são como o bronze polido, isto fala de Suas andanças, de Seus caminhos, de Seus passos, em justiça, justiça absoluta. Fala de nossas atividades, os atos justos dos santos, os nossos caminhos. Da maneira como eu vejo na Escritura, justiça é aquilo que sempre está em oposição às obras das trevas de Satanás. Injustiça, iniqüidade, na Palavra de Deus, é aquilo que em qualquer ponto, em qualquer modo, em qualquer grau, tem uma cumplicidade com Satanás. Um objeto inclusivo de Satanás é o de tirar aquilo que é de Deus por direito, e isto é injustiça em sua raiz e natureza - tirar o direito de uma outra pessoa. E, enquanto o remover de direitos irá ter efeito entre homem e homem, entre criatura e criatura, atrás disso todos os direitos de Deus estão envolvidos. Quando você rouba os direitos de seu irmão, você rouba a Deus. De modo que justiça é o contrário de cada obra de Satanás de privar a Deus daquilo que Lhe é devido. Muito frequentemente temos que sacrificar, abrir mão daquilo que chamamos de nossos direitos, a fim de que o Senhor seja honrado. Frequentemente, quando insistimos em nossos direitos, é nosso direito, é nossa honra, e nossa vindicação, não a do Senhor que atua em nós. Algumas vezes o resultado é esse: que temos que abrir mão daquilo que cremos ser, e o que pode estar completamente certo, nosso direitos, para permitir que o Senhor seja glorificado, para dar ao Senhor uma oportunidade.

Se seguirmos esta questão de injustiça até ao seu âmago, descobriremos que o ego está no lugar do Senhor. Pense nisto. Olhe para cada obra ou ato de injustiça, siga-o até à sua fonte, e você descobrirá que o ego está lá o tempo todo. Roubo, sonegação, falsificação - existe uma intenção egoísta por trás. E aqui está este Filho do homem que ressuscitou da cruz; Ele que esteve morto agora está vivo; Ele está no meio dos castiçais; e Ele é a corporificação do altruísmo absoluto, que é o extremo da justiça, o que significa que Deus possui tudo, isto é, todos os Seus direitos; não há questionamento em nenhum ponto, nenhum debate com o Senhor, o Senhor deve ter tudo, custe o que custar. Custou tudo ao Filho do homem, para que Deus tivesse Seus direitos. Ele efetivamente diz para essas igrejas: 'Olhem para os meus pés!' Aí está o impacto do altruísmo mais absoluto, que é o impacto de um extremo para Deus, mas um extremo de Deus. “Fareis um candelabro de puro ouro”.

Isto parece uma palavra dura? Sinto como já disse no início, que o Senhor tem nos trazido juntos de volta para este momento, para chegarmos a uma nova posição, e desta maneira. De minha parte, falo a você que guardo isto em meu coração. Porém dizemos uns para os outros _ Pra que temos reuniões, maiores ou menores, e continuamos com nossos ensinamentos, com a nossa revista com um castiçal de ouro pintado nela? Nada disso importa absolutamente. Digo, deixe pra lá, o Senhor nos livre disso, a menos, como resultado de tudo e como a fonte de tudo, haja esta luz que é um impacto – sem qualquer inconsistência, sem contradições, sem mentira _ de modo que o nosso ensino não fique apenas no coração, mas seja visto. Se é pra haver uma abordagem e um questionamento, é porque algo é visto. "Virei-me para ver a voz”. As pessoas estão ouvindo coisas, e elas se virando para ver. O que elas vêem? Uma luz, e não um ensino? Uma luz com um impacto? Que o Senhor faça que seja desta maneira.

Capítulo 2 – Sua Característica e Forma

Ler: Apoc. 1:12-20.

Em nossa meditação anterior, dissemos que há três coisas a respeito do candelabro: Uma é a sua função, outra é a sua característica, e a terceira é a sua forma. Já consideramos a sua função. Vamos prosseguir dizendo um pouco a respeito das outras.

Sua característica: Todo de ouro

A característica do candelabro _ a afirmação é, “todo de ouro”. Sempre que este meio de testemunho é trazido à vista, seja em Êxodo 25 ou em Zacarias 4, ou em Apoc. 1, sempre é declarado ser de ouro. Todos nós entendemos que na Palavra de Deus o ouro é o símbolo daquilo que é de Deus. Este candelabro é de Deus; o homem não tem lugar ali. Quanto à sua característica, ele é de Deus.

O Resultado do Sofrimento

Porém é ouro refinado no fogo. Sim, ele é todo de Deus em si mesmo, mas quando se aplica a nós, quando se associa à Igreja, com o povo de Deus, encontramos um fator extra, que é o resultado da ardente prova, aquilo que é nascido do sofrimento e da angústia.

Devemos sempre distinguir os sofrimentos de Cristo. Há dois aspectos neles. Há os Seus sofrimentos expiadores, os quais são exclusivamente de Cristo, e ninguém tem qualquer participação neles; mas há aqueles que se referem à Sua obra representativa como o aperfeiçoamento para a glória, a destruição do terreno do poder de Satanás. Agora, nEle mesmo, naturalmente, não há qualquer terreno para o poder de Satanás; Ele era sem pecado; mas, ao mesmo tempo, Ele realmente assumiu a posição de homem, a fim de ser provado nesse sentido, isto é, a respeito de se Ele exercitaria aquela responsabilidade Divinamente dada, a da vontade livre, em Seus próprios interesses, de forma separada e independente de Deus. Não é que havia uma vontade errada nEle; mas a quem entregaria Ele a Sua vontade sem pecado? Ele foi provado quanto ao uso desse dom sagrado e dessa responsabilidade de escolha, provado no fogo de terrível adversidade, em sofrimentos de todos os tipos; e a única questão em cada sofrimento era _ escolheria Ele outra coisa que não fosse a vontade de Deus, a fim de que, assim fazendo, pudesse ficar livre de Seu sofrimento, pudesse escapar e ter uma estadia melhor? Este foi o sofrimento representativo. Este é o sofrimento no qual estamos, e Ele foi provado de todas as maneiras, como nós; em Seu caso, sem pecado, mas ao mesmo tempo, no mesmo terreno que nós, neste sentido _ houve fogo intenso de sofrimento, e Ele tinha apenas que ceder a Sua vontade à Satanás, tirando-a das mãos de Seu Pai, e estaria livre de tudo. Faria Ele isso em qualquer consideração?

Havendo dito isso, descobrimos que este é o ponto onde entra o testemunho. É aqui que o testemunho se torna algo mais do que palavras, verdades e doutrinas; torna-se algo muito real, torna-se poder, eficácia, impacto, quando é estabelecido através do sofrimento. Desejo que possamos ser ajudados a entender isto. Acredito que isso nos ajudaria muito, caso compreendêssemos. Enquanto o Senhor tem nos chamado para servi-Lo, e a maioria dos cristãos interpreta o serviço do Senhor em termos de muitas atividades exteriores _ tais como pregar o evangelho aos não salvos, ou cumprindo o ministério de ensino, ou fazendo muitas coisas de diferentes maneiras, e de diferentes categorias, e não devemos de qualquer maneira falhar em reconhecer as nossas responsabilidades nessas questões _ devemos, ao mesmo tempo, ver bem claramente que não importa quanto, quão seriamente, quão continuamente nós servimos o Senhor naquelas formas exteriores, nós contudo não escaparemos ao intenso sofrimento. Poderia ser pensado que, se você apenas estiver fazendo a obra do Senhor, indo aonde Ele lhe enviou, fazendo aquilo que Ele chamou você para fazer, não fazendo absolutamente nada que é contrário à Sua vontade, e sendo bem aberto a Ele, e se relacionar constantemente com Ele, de modo que não haja nada que ofenda a Ele, que, então, em conseqüência disso, o Senhor deve facilitar a obra de todas as maneiras em Seu poder, agindo soberanamente e não permitindo qualquer obstáculo, quaisquer adversidades, jamais permitindo que você caia de cama, ou fique fora do serviço ao qual Ele lhe chamou. Porém, isto nunca foi desta maneira, e nunca será.

INEVITÁVEL SOFRIMENTO PARA UM TESTEMUNHO VITAL

Olhe para o seu Novo Testamento; você pode olhar para ele a partir de três pontos de vistas. Primeiramente do ponto de vista dos grandes servos do Senhor sobre os quais repousou tremenda responsabilidade como sendo os pioneiros e os lançadores da fundação do evangelho para toda esta dispensação; considere a obra que eles fizeram. Será que o Senhor quis que o Evangelho fosse pregado na Ásia e na Europa, e em todo lugar? Será que Ele quis aquelas igrejas estabelecidas? Sim, não há qualquer dúvida quanto a isso. Veja quão extremamente abandonado pelo Senhor esses homens foram, e veja que histórias íntimas com o Senhor eles tiveram, quanto a suas vidas, e não havia nada que ofendesse a Ele _ homens cheios de Deus, e, contudo, eles falaram sobre Satanás impedindo (1 Tess. 2:18), e estando desesperadamente doentes. "Epafrodito... esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.” (Fil. 2:26-27). Os servos do Senhor foram lançados na prisão, ficaram doentes, encontraram todo tipo de adversidade, todos pareciam dizer que existe uma barreira inimaginável, uma limitação, uma frustração sobre aquilo que o Senhor quer que seja feito. Que contradição! Há algo errado em algum lugar! Não! No caso desses homens a coisa aconteceu dessa maneira. Eles não escaparam do sofrimento, sofrimento de todo tipo.

Então há o segundo ponto de vista, aquele das igrejas individuais, ou as igrejas nos diferentes campos. Não há muitas igrejas no Novo Testamento sobre as quais está escrito não haver qualquer referência aos seus sofrimentos. Como aquelas igrejas tiveram que sofrer! Mas tudo estava alinhado aos propósitos do Senhor. Elas estavam lá na vontade de Deus, eram representantes de Deus, haviam se declarado publicamente para Deus, porém Ele não blindou essas pessoas. Ele não disse para Satanás: “Isto é sagrado para Mim; não toque nos meus ungidos”. Aquelas pessoas sofreram, e lhes fora dito que sofreriam; era inevitável.

Então, há o terceiro ponto de vista, aquele da Universal Igreja. Que história! Esta coisa sagrada, esta coisa preciosa, esta pérola de grande preço, esta esposa do Cordeiro, que história de sofrimento, de sofrimento de morte! Aquele primeiro martírio sob as ordens de Nero, quando milhares foram despedaçados por feras _ Que história! O Senhor não interveio com um anjo, para salvar aquelas pessoas; elas tiveram que passar por aquilo.

O Senhor está mais Interessado no Testemunho do que na Obra

O que isto significa? Significa que o Senhor está mais interessado no testemunho do que em obra. Precisamos ter clareza sobre isto. Muita confusão ocorre quando você começa a pensar sobre coisas à luz de obra. Quando você vê um monte de pessoas largando os seus empregos, para se lançar na ‘obra’, todos os tipos de complicações acontecem; e realmente o Senhor não está, em primeiro lugar, atrás de obra. Não estou dizendo que não é pra você trabalhar para o Senhor, mas em primeiro lugar, o Senhor não está atrás de obra, mas sim do testemunho, é uma luta, é uma chama viva. Como estava dizendo, é aqui que o testemunho se torna mais do que um sistema de verdade e ensino. Não fique muito preocupado em transmitir para as outras pessoas certos termos, certas idéias, certas verdades. ‘Você entendeu a verdade disso? Você entendeu a verdade daquilo?’ O que você quer significar com tal linguagem é verdade como um ensino, como um conceito. Esteja infinitamente mais interessado em que haja um impacto de vida, antes de dizer qualquer coisa. As pessoas irão ver que você possui algo antes que você fale. ‘Você possui algo que eu preciso’. Isto é um testemunho. Isto somente nasce do sofrimento.

"Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,” (Fil. 1:29). Foi concedido a você! Você não irá esticar as suas mãos ansiosamente para receber isso! Isto é dado, é um presente - a fim de sofrer por Ele. O testemunho vem desta maneira. Se você alguma vez já pensou que, entrando na obra de Deus você irá achar bastante gratificação, e satisfação, e prazer, isto irá responder a algo em você, pelo qual procura _ estar ‘na obra do Senhor! - você está destinado à desilusão, pois irá descobrir que poderia ter sido mais fácil para você ter permanecido onde você estava, do que entrar naquilo que chama de ‘a obra do Senhor’.

Permita-me dizer um pouco mais, que é exatamente aqui que a real eficácia é assegurada _ no ponto em que começa o sofrimento. É uma lei que está agora estabelecida neste universo, uma vez que Adão falhou, que cada pedacinho de produtividade da terra, em cada área da vida humana, é o resultado do trabalho árduo, o resultado de alguma provação ardente. Fruto para Deus, no campo espiritual, a real eficácia do testemunho, nasce do sofrimento e do trabalho duro. É aqui novamente que o Senhor obtém algo mais do que nossas atividades. Ele obtém algo que não pode ser expresso em meras palavras, isto é, em termos de verdade; algo que não pode ser achado em meras atividades externas. É algo tirado da alma, da angústia da alma, que satisfaz a Deus. É aí que Ele obtém alguma coisa.

AQUILO A QUE O ESPÍRITO SANTO SE ENCARREGA EM SI MESMO

Agora, esta é a característica daquilo que tem o testemunho; _ algo tratado no fogo, e que não é fruto apenas de uma prova ardente, mas de várias _ esta é a coisa a que o Espírito Santo se encarrega a Si mesmo. Você observa em Zacarias 4, onde o profeta descreve o que viu _ o candelabro todo de ouro, as oliveiras, e o óleo escorrendo das oliveiras para o candelabro, mantendo a chama viva _ a declaração seguinte que é feita é, “Esta é a Palavra do Senhor ... Não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito”. A que o Espírito Santo se encarrega a Si próprio? Damos uma parada aqui para perguntar a nós mesmos: O que podemos nós fazer sem o Espírito Santo, afinal de contas? Para que serve todas as coisas sem Ele? Não há um cristão que não concordará prontamente com isso, que, se o Espírito Santo não estiver conosco, seria melhor desistirmos. Somos absolutamente dependentes dEle, nada pode haver sem Ele. A que, então, Ele irá se comissionar a Si próprio? É a um candelabro como este _ algo nascido do fogo, da fornalha, algo forjado e trabalhado com os golpes do martelo. Sim, os golpes do martelo _ mas não das mãos de Deus. Oh, não se engane quanto a isso! Não é a mão de Deus que fere você. Satanás diz que é Deus quem está lhe ferindo, e o tempo todo é ele mesmo. (Satanás)

Há apenas uma passagem onde Deus é revelado como alguém que fere, e está em Isaías 53, e aquele que foi ferido é o Seu próprio Filho. Lemos: “nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido". Mas isto se refere à obra da expiação. Deus não está ferindo você e eu daquele modo. Dr. Pierson ilustrou isto desta maneira: ele esteve na casa do ferreiro, e viu o ferreiro e seu ajudante em serviço. Eles tinham o ferro sobre a bigorna, tirado do fogo, incandescente, flamejante. O ferreiro tinha um pequeno martelo, apenas um, mas o seu ajudante tinha um martelo grande. O ferreiro apenas tocava o ferro e, então, o ajudante vinha com uma forte pancada no local onde o ferreiro havia tocado. O ferreiro batia novamente, num outro lugar, com o pequeno martelo e logo descia o pesado martelo naquele mesmo lugar. Um garoto, que observava, disse: “Que coisa tola! Por que o ferreiro possui um pequeno martelo tal como esse?” Dr. Pierson disse: 'Meu garoto, o ferreiro está apenas marcando o local onde o martelo grande precisa acertar, e ele está deixando o outro fazer o ferimento”. Dr. Pierson diz que geralmente ocorre dessa maneira. O Senhor vê algo que precisa ser trabalhado, endireitado; Ele apenas indica o lugar, e o maligno faz o resto. Assim, o Senhor permite que o maligno faça a obra para aperfeiçoar os Seus santos. Isto parece ser verdade em princípio. Não deixe o inimigo falar pra você que é o Senhor quem está ferindo e batendo com violência. É o maligno quem está fazendo isso, e o Senhor o está permitindo, e usando-o. O fato é que aquilo que Deus busca é uma obra forjada. É o resultado primeiramente do fogo, e, então, do ferimento. Somente após muitos golpes é que o Senhor consegue algo mais em nossas vidas, ou algo em nossas vidas é extraído. Qualquer vaso que ainda não caminhou desta maneira é apenas um candelabro sem chama – um ornamento. Há muitos belos ornamentos tais como candelabros, mas isto não tem qualquer valor. O Espírito Santo se compromete a Si mesmo com aquilo que passou pelo fogo.

A FORMA DO CANDELABRO – PLURALIDADE EM UNIDADE

Agora uma palavra ou duas sobre a terceira coisa em conexão com o castiçal _ a sua forma. Temos a descrição completa em Ex. 25. Resumindo tudo, resulta no seguinte _ é algo incorporado. É uma pluralidade em unidade. Há seis braços ligados à haste central. Em Apocalipse, a figura muda um pouco, mas o princípio não. Lá nós lemos de sete castiçais de ouro, mas, no meio deles, há Um semelhante ao Filho de homem, e Ele segura-os todos em Sua mão. Ele os faz um por meio de Sua própria pessoa. É a unidade de um Homem Divino, e, contudo múltiplo; muitos, porém um. O meu entendimento aqui é o seguinte _ que Deus obtém o Seu testemunho em plenitude, não em indivíduos separados, mas em algo que tem sido forjado em uma unidade por meio de Seu fogo. Oh, quando Deus realmente une os Seus filhos através do sofrimento, você tem algo muito precioso para o Senhor. Quando temos passado através do fogo juntos, quando temos encontrado os sofrimentos e as dores através dos anos juntos, e por causa deles Deus tem feito algo, fazendo-nos um _ não a unidade de um arranjo exterior, um acordo exterior _ e nos sofrimentos Satanás não foi capaz de romper e dividir; então, há algo que é muito precioso. Você observa que Satanás sempre tenta usar o sofrimento para dividir. Quando você sofre, a sua primeira inclinação é se separar, ir embora, ou culpar alguém. Esta é a obra de Satanás. Quando Deus traz dois ou mais, um grupo, para o Seu fogo, Ele está procurando remover todo aquele elemento pessoal que desune, e divide, e separa, e se põe contra, para manter a unidade. Se você nunca sofreu junto, você realmente não sabe o que é unidade. Aqueles que têm seguido a vida juntos, em provação e adversidade, alcançam a maturidade, a qual é muito preciosa.

Unidade Através do Sofrimento

Há algo parecido com isto entre o Cordeiro e a noiva, e entre os membros de Seu Corpo. A unidade somente se realizará por meio do sofrimento. Por isso Deus permite que os membros sofram. A igreja passa pela provação junta, o que resulta numa unidade trabalhada interiormente, a qual significa muito para Deus. Você não pode explicar isto, exceto do ponto de vista de Deus. É algo que é muito precioso para Ele. É, portanto, significativo que, quando esta apresentação do Filho do homem no meio dos castiçais de ouro é dada, a primeira coisa que é dita sobre Ele é que está cingido com uma veste até os pés. Antes de você entrar nos detalhes, nos aspectos, você tem o TODO _ aquele vestido sem costura, que cobre tudo, que traz cada membro para a unidade, que faz Ele ser completo, uma Pessoa, o Filho do homem; um vestido da cabeça aos pés. Você entende o ponto?

Ele se dirige às igrejas, e a primeira igreja é Éfeso; e, então, Ele fala sobre o primeiro amor. Oh, o fogo de Éfeso! Que fogo aquela igreja atravessou! Evidentemente, havia algum amor trabalhado dentro daquela igreja. Agora Ele, vestido com as suas vestes que a tudo envolve, que a tudo abraça, vem a Éfeso e diz: ‘Algo aconteceu aqui, alguma coisa está errado, o primeiro amor se foi’. A unidade foi resultado da Sua morte, de Sua Cruz. No poder de Sua ressurreição Ele venceu tudo aquilo que é contra a unidade _ toda divisão, toda cisma; Ele destruiu tudo isso em Sua morte. Ele ressuscitou como Aquele cujos vestidos envolve tudo, da cabeça aos pés. Porém Ele encontra aquilo que é totalmente contrário à obra de Sua Cruz _ divisão, a perda do primeiro amor. O pensamento é este _ temos que ir para a Cruz neste sentido, a fim de conhecermos o sofrimento que elimina o ego, que trata de tudo aquilo que divide; temos que passar pela prova, para uma unidade produzida no fogo, a fim de que o Senhor fique satisfeito.

Isto não significa ser opressivo, mas é algo para o qual devemos atentar. Estamos interessados na eficácia, o que chamamos de impacto, influência espiritual; não em palavras, não em ensino, não em uma moldura de coisas, não em uma forma, mas na chama que é algo muito mais do que palavras, o registro daquele poder de uma luz viva. É isto o que o Senhor busca, e este é o porquê dele trabalhar conosco. Temos que nos entregar a isso. Isso irá nos ajudar a compreender o significado dos nossos sofrimentos. Que o Senhor possa nos dar Graça para fazermos aquilo que é muito difícil para alguém fazer naturalmente, isto é, que nos dê uma nova interpretação em relação ao sofrimento _ isto é uma garantia, uma confiança. É algo que tem associado a si aquela coisa real que buscamos. Se eu compreendo a vida cristã e os caminhos de Deus absolutamente, vejo-a sempre desta maneira, tenho visto frequentemente que, quando as pessoas têm pedido mais poder a Deus, mais vida, mais benção, mais riqueza espiritual, por algum ganho _ quando elas realmente têm buscado essas coisas, não demora muito para que elas passem por uma grande prova, e o Senhor responde as suas orações desta maneira. Elas não pediram por aquilo; provavelmente elas não teriam pedido por coisa alguma se soubessem no que aquilo iria resultar; mas é desta maneira que o Senhor age, nos mistérios dos Seus caminhos. Vamos entender que este é o real valor que Ele busca. Ele não protege da adversidade aquilo que lhe é muito precioso. Aquilo que é precioso para Ele é que é mais digno do Seu fogo refinador.

Capítulo 3 – O Testemunho do Candelabro

Ler: Êx. 25:31-40; Zac. 4:1-7.

Vamos aqui dizer bem sucintamente uma palavra quanto aos dois lugares que este candelabro está apresentado. Em Êxodo temos o início das coisas; o Senhor está estabelecendo o Seu testemunho originariamente, trazendo-o pela primeira vez. Em Zacarias, como em todo o ministério profético, é uma questão de recuperação, o testemunho tendo estado mais ou menos perdido. O candelabro de ouro é o completo e original plano de Deus a ser recuperado quando aquela Sua mente plena tem sofrido perda no meio do Seu povo, e no meio das nações. Apenas menciono isto, porque o Senhor está sempre reagindo ao que é original e básico, sempre buscando recuperar, nunca satisfeito em prosseguir com algo que seja menos do que aquele Seu propósito original revelado. É em conexão a essa idéia de resgatar que temos sentido através dos anos que o Senhor colocou a Sua mão sobre nós e nos levou a sermos como um ministro, e como uma parte do vaso _ para buscar mostrar novamente, de uma forma prática, qual é o Seu plano quanto ao testemunho na terra; e de voltar lá, bem no início, foi este ‘candelabro todo de ouro’ que o Senhor tornou básico para este ministério.

O Testemunho - A Plenitude de Cristo

Em nossa meditação anterior, estávamos falando sobre a forma deste candelabro, e há algumas outras coisas que precisam ser ditas a respeito disso. Aqueles que têm estado conosco através dos anos, irão reconhecer essas coisas como tendo sido trazidas a diferentes estágios, particularmente à nossa vista. Eu penso que há três fases representadas por três linhas de consideração deste candelabro. Concernente à história espiritual, aquilo que foi terceiro para nós chegou a ser visto como primeiro pelo Senhor. O Senhor não começou conosco no Seu próprio início, mas Ele nos levou para o Seu início. Chegamos finalmente a duas linhas distintas, por meio de duas fases distintas, àquele início. Não irei mencionar os outros dois agora, mas falarei sucintamente a respeito do aspecto primário e dominante do testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo – a plenitude de Cristo.

(a) O Cristo é Todo de Deus

Numa meditação anterior, dissemos que o fato de o candelabro ser todo de ouro significa que ele representa algo que é todo de Deus; e, considerando este candelabro com Cristo, a primeira coisa com que temos que ficar impressionados é quão absolutamente de Deus Ele era e é; todo de Deus _ plenitude, a plenitude de Deus.

Há primariamente dois números neste candelabro, e eles são os números ‘três’ e ‘sete’, os números da plenitude Divina e da plenitude espiritual, respectivamente. Há três braços de cada lado da haste, e com a haste eles formam sete. Aí está a plenitude de Deus e a plenitude do que é espiritual. Isto é uma chave para a vida de nosso Senhor Jesus. Ele esteve aqui em Seus dias de Sua carne entre os homens como o candelabro de Deus, revelando como por uma chama viva o que significa ser todo de Deus. Você sabe que na descrição do candelabro, ele era para estar em sua própria luz, que a luz era pra brilhar sobre ele mesmo - "as quais se acenderão para iluminar sobre si" (Ex. 25:37); sobre as outras coisas, sim, mas sobre si mesmo. Ele era pra permanecer em sua própria luz, e sua luz era pra se derramar sobre si mesmo; e o Senhor Jesus era encontrado, de tempo em tempo, dizendo coisas que correspondiam a isso. O testemunho podia ser visto como nEle mesmo, dava testemunho dEle. Ele, consistentemente, podia caminhar na luz de Deus; no que dizia respeito a Ele, não havia absolutamente nada a ser encoberto da luz Divina. O testemunho era verdadeiro nEle, por que nEle tudo era de Deus, como podia ser visto nos incontáveis detalhes. Você tem que estudar bem de perto a Sua vida interior e exterior, para ver como ela era toda de Deus, como Ele estava constantemente rejeitando tudo aquilo que poderia ser dEle mesmo, ou para Ele mesmo, qualquer coisa que podia vir de qualquer outra fonte, que podia ministrar a qualquer outro objeto. Era tudo de Deus, completamente.

O que é o testemunho de Jesus? Oh, novamente vamos nos livrar de todas aquelas idéias falsas que pertencem a algum sistema particular de ensino. Não, o testemunho de Jesus o qual é pra estar aqui, o qual Deus teria em Sua casa, no meio do Seu povo, no meio das nações em razão do Seu povo _ em primeiríssimo lugar é que aqui está algo que é completa e absolutamente livre de qualquer consideração e interesse, e objeto, e ambição, que não seja o próprio Deus. Jamais alguém pode ser capaz de explicar corretamente e verdadeiramente alguma coisa no terreno do homem, ou em qualquer outro terreno, seja o que for, a não ser Deus. Foi dito: ‘Isto é de Deus; isto é todo de Deus; isto é do Senhor’.

Como dizíamos anteriormente, o fogo produz este ouro. Oh, que obra este fogo realiza para eliminar a impureza, a mistura, a escória, para que finalmente possa ser dito: ‘Isto é todo de Deus, não há nada de humano nisto, nada pode realizar isso a não ser o Senhor’. Estou muito certo de que à luz de uma afirmação como esta você pode entender o significado dos caminhos de Deus. O que Ele está fazendo? Ele está buscando produzir um testemunho no qual a força, a sabedoria, a resistência, a capacidade de prosseguir, de toda maneira, é de Deus e não do homem. Toda de Deus _ sim, a plenitude de Cristo é isto.

Oh, as nossas idéias sobre a plenitude de Cristo! 'Oh, para a plenitude de Cristo!' Nós dizemos. Isto possivelmente não pode acontecer sem que haja um absoluto vazio. Se for pra Ele encher todas as coisas, tudo tem que sair. Não será ‘todas as coisas’, e não será ‘tudo em todos’ se ainda houver algo. A plenitude de Cristo exige o espaço todo. Mas o ponto é este: a plenitude de Cristo é algo para envolver, para ser experimentada. Que plenitude! Tenho visto a face de Jesus, não me fale nada além disso. - O que você quer dizer? Sentimentos, hinos, poemas! Você está certo que eles são verdadeiros? Ah, nós somos provados nisso _ o que queremos além dEle. Não conhecemos os nossos próprios corações. Contudo, o testemunho verdadeiro é todo de Deus. Foi assim no caso do Senhor Jesus, e é o Senhor Jesus quem está sendo contemplado.

(b) Universal : A Satisfação do Céu e da Terra

A próxima coisa é a plenitude de Cristo na questão da universalidade. Isto é apenas dizer a mesma coisa de uma outra maneira. Você tem este candelabro representado assim em dois lugares. Em Êxodo ele está no santuário, no santo lugar. O que representa o santo lugar do tabernáculo? É o lugar entre o céu e a terra. Do lado externo do santo lugar está o mundo, o lado exterior do testemunho. É o mundo que traz você para o santo lugar. Diante do santo lugar está o santo dos santos, que é o próprio céu; “no próprio céu” (Heb 9.24), como disse o apóstolo. O santo lugar é o elo entre o céu e a terra, as fronteiras da terra e do céu ali se encontram. A pessoa do Senhor Jesus os une. Ele permanece como o Filho do homem entre o céu e a terra, e os une, e os abrange em sua totalidade. A plenitude, celestial e terrena, é encontrada nEle em um lugar que não é totalmente de um nem de outro, mas que une a ambos, que satisfaz a ambos.

Ele não é totalmente desta terra, deste mundo; Ele é separado; e, contudo, por assim dizer, Ele tem a Sua mão sobre a terra. Ele está representativamente relacionado a ela, ela se une a Ele, se completa nEle - Ele está no ponto onde todas as nações encontram a sua plenitude. O mundo encontra no Senhor Jesus a resposta para todas as coisas. Não existe nenhuma nação, nenhuma tribo, nenhum povo, nenhuma língua, nenhuma constituição, nacional ou temperamental, em toda esta criação, em todos os tempos, que não possa encontrar a resposta para sua necessidade, sua real necessidade, nEle. Ele está fora do tempo, Ele está acima do tempo, Ele é tão bom para o século vinte quanto para o primeiro século, e para todos os séculos compreendidos entre eles - igualmente apropriado, igualmente adequado. Todas as condições de todas as eras deste mundo são preenchidas nEle.

Por outro lado, o Céu está satisfeito com Ele, toda plenitude do Céu é encontrada nEle. O céu tinha uma necessidade em um ponto; o céu esperou ansiosamente enquanto algo era realizado sobre o qual, num certo sentido, sua própria existência parecia depender. O céu estava tremendamente e solenemente interessado naquele drama da Cruz; muito mais do que isso, no completo drama de Sua vida terrena. O céu está sempre acompanhando, interessado; os anjos estão atentos. O céu se reuniu nEle, e agora todo o céu está satisfeito por causa dEle.

Assim, o Senhor Jesus está exatamente lá, entre o céu e a terra, satisfazendo a todas as necessidades. Quão universal é o testemunho de Jesus para responder a toda necessidade!

Encontramos o candelabro mencionado novamente na Escritura _ no livro de Apocalipse; e descobrimos lá uma confirmação daquilo que tenho acabado de dizer. Se você quisesse mostrar dois quadros do candelabro, como em Êxodo e em Apocalipse respectivamente, você colocaria o primeiro no lugar santo do tabernáculo. Onde você colocaria o segundo? Você teria que ter um mapa de toda área, então conhecida como Ásia, como representante da criação, o mundo, as nações, e lá você colocaria um candelabro em Eféso, e outro em Esmirna, e outro em Tiatira, e em Pérgamo, e assim por diante; e ainda você veria um Homem cobrindo toda aquela área _ os candelabros, por assim dizer, sendo trazidos dentro daquele único Homem. É Cristo em testemunho em todas as nações. Agora não mais centralizado em um único lugar, no lugar santo; está agora em todas as nações. O primeiro está no lugar santo _ tudo está nEle. Mas, quando Ele é visto como os sete candelabros nas nações, é Ele em tudo - um quadro da última intenção de Deus, para que a plenitude que está nEle seja encontrada em todo lugar, nas nações, em toda criação. Paulo diz: “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. (Rom. 8:19-22). A criação geme. Sobre o que ela está gemendo? Por que nós gememos? Porque, de alguma forma, queremos algo que não temos. Se estamos em dor, gememos porque queremos ficar livres da dor. Nós gememos se as coisas saem erradas _ queremos que elas fiquem corretas. A criação está gemendo porque ela não possui algo que é necessário para ela. O que ela precisa? - Cristo, isto é tudo. Ele preenche a necessidade da criação. Cristo em todas as nações _ esta é a última visão. A universalidade de Cristo _ este é o testemunho. Todas as necessidades do céu, todas as necessidades da terra, todas as necessidades do homem, todas as necessidades da criação, são satisfeitas na plenitude de Cristo Jesus. Esta é uma declaração abrangente, mas ela é um desafio para nós. É este o testemunho que do qual estamos falando?

UM IMPACTO VITAL DE CRISTO, NÃO UM ENSINO

O que queremos dizer por testemunho? É Cristo em plenitude conhecido desta forma por nós? Você diz: ‘Bem, o que há de particularmente diferente sobre isso no que diz respeito a este vaso? Não é assim que é pra ser todo o Cristianismo? Não está todo ele centralizado em Cristo? Não é seu testemunho de que Cristo é tudo, para ser tudo, e que Cristo supre todas as necessidades?’ Sim, é muito verdadeiro quanto à linguagem, muito verdadeiro quanto a termos do Cristianismo; mas há muita coisa fora de Cristo no cristianismo _ quanto não sabemos. Muitos de nós fortemente afirmaríamos que, em relação a nós, Cristo é tudo, porém nós não conhecemos os nossos próprios corações. O Senhor tem apenas que colocar o Seu dedo sobre algo muito precioso para nós e uma grande batalha ocorre; não é tão fácil, então, dizer: ‘Cristo é mais do que isto para mim’. A questão se torna muito prática e pessoal. Mas você pode colocar isso numa área maior _ todas as coisas fora de Cristo que há no cristianismo do centro à circunferência; e somente o fogo de Deus pode descobrir quais são essas coisas que nós, cristãos e o cristianismo, podemos ter. Oh, olhe para o cristianismo de hoje como o conhecemos neste mundo! Não temos que dizer que há muita coisa que é chamada de cristianismo que não é Cristo? Há muita coisa adicionada. Não há esta obra de fogo de separação entre o puro ouro e a escória. É um testemunho do puro ouro trabalhado no fogo que Deus procura, e somente os Seus olhos conhecem o que precisa ser tratado com o fogo. Há uma diferença entre o geral e ostensivo testemunho cristão acerca do Senhor Jesus e o testemunho espiritual efetivo _ uma grande diferença. Eu não sei se nesta vida nós iremos alcançar o ponto onde o testemunho seja absolutamente Cristo, de modo que não haja absolutamente mais nada, porém Deus está trabalhando neste sentido. Todo de Deus; todo espiritual, nada carnal; todo celestial, nada terreno. O que está em vista não é um movimento, uma missão, uma obra, uma seita, uma ‘irmandade’ como uma instituição, algo aqui sobre esta terra. É algo que está por trás da própria pessoa que constitui o corpo físico de tudo, algo intangível, porém muito real. Há algo a respeito desse candelabro que é mais do que ele próprio. É sua natureza espiritual e celestial. Numa palavra, você não precisa de uma coisa absolutamente, você precisa do Senhor. Você não fica impressionado com uma coisa, com a organização, com a companhia das pessoas, ou com o lugar, ou com qualquer coisa parecida; você simplesmente precisa do Senhor. 'O Senhor está aqui’ - este é o testemunho de Jesus. Você não deseja isso para você mesmo? Certamente se as pessoas fossem capazes de dizer de nossa passagem desta maneira _ um caminho que passaremos apenas uma vez _ que trouxéssemos a presença do Senhor conosco, que houvesse algo da fragrância de Cristo em nós, algo que sugerisse o Senhor, não seria isso a maior coisa que possivelmente seria dito? Não seria isso a resposta para os desejos mais profundos do nosso coração? Se, pelo nosso estar juntos como povo do Senhor, qualquer pessoa que entrasse em contato conosco pudesse dizer: ‘Não é o povo, nem a fraseologia, nem o peculiar ensino, mas de uma forma ou outra, é o Senhor que você encontra ali’ - Bem, não há final maior do que este. Para que o Senhor faça isso é necessário um profundo trabalho de fogo. Este é o candelabro todo de ouro. É o Senhor Jesus. O Senhor nos dá graça para buscar, que seja assim, que a nossa presença aqui seja a Sua presença.

CAPÍTULO 4 – A IGREJA COMO O VASO DO TESTEMUNHO

Em nossa meditação anterior, estávamos ocupado com o último significado e natureza daquele testemunho que no pensamento de Deus é principal e fundamental, mas, no que diz respeito à igreja, é aquele no qual o Senhor está trabalhando _ principalmente a plenitude de Cristo.

Agora tomamos a próxima coisa em relação a esse assunto que, naturalmente, tem estado em vista o tempo todo, e ao qual se tem referido; mas desejamos antes de tudo ter o próprio Cristo em contemplação, como que ofuscando a todo o resto. Agora, havendo estabelecido e reconhecido isto, somos trazidos ao vaso que Deus escolheu, no qual o testemunho do Senhor Jesus é pra ser depositado e incorporado _ a igreja como o vaso de testemunho do Senhor nesta dispensação. Naturalmente, isto segue as mesmas linhas que a plenitude de Cristo. Você se lembra que, em falando de plenitude de Cristo, vimos como Ele era e é todo de Deus. A plenitude Divina e a plenitude espiritual estão reunidos nEle como todo de Deus. Então, quanto ao Seu lugar (como o lugar do candelabro no lugar santo, entre o céu e a terra) havia aquela particularidade sobre Ele que, por um lado, satisfazia todo tipo de necessidade de toda raça, de toda posição, de todo nível social, do mais pobre ao mais distinto entre os homens; todas as nações, todos os níveis, cada aspecto da vida deste mundo como representado pela humanidade, encontrou nEle a resposta para a sua necessidade. Por outro lado, o céu encontra a sua satisfação nEle; Deus encontra a Sua total satisfação no Senhor Jesus. A universalidade de Sua plenitude para o céu e para a terra era o assunto em vista.

Agora a igreja segue a mesma linha que o Senhor Jesus. O vaso do testemunho percorre ao longo do mesmo curso que Ele percorreu. Ele disse aos Seus discípulos, o núcleo de Sua igreja: “Segue-Me”. Porém eles chegaram a perceber que aquilo significava algo mais do que caminhar pelos mesmos lugares que Ele caminhava sobre a terra. Era algo muito profundo. "Segue-Me." Oh, que significado! E a história espiritual da igreja como o vaso de Seu testemunho é, num sentido mais profundo e pleno, um seguir a Cristo. É seguir a Ele num significado espiritual de cada passo e estágio de Sua vida quando Ele estava aqui.

NASCIDO DO ESPÍRITO SANTO

Primeiramente, Ele nasceu, e nasceu do Espírito Santo, e qualquer vaso para o testemunho de Jesus no sentido em que estamos falando, no sentido em que Deus o tem incorporado neste simbolismo _ um candelabro todo de ouro _ qualquer instrumento ou vaso como esse tem que nascer, e nascer do Espírito Santo. Não é algo que você pode fazer ou causar, não é algo que pode ser organizado ou arranjado, não é algo que as pessoas podem decidir ter _ “iremos formar algo, iremos organizar algo, para o serviço do Senhor” _ não é dessa forma absolutamente. Tem que nascer, e nascer como Ele nasceu _ do Espírito Santo. Tem que vir diretamente de Deus. Se você fizer comum o nascimento do Senhor Jesus, como todos os outros nascimentos, e tirar dele o elemento absolutamente sobrenatural e miraculoso, então você destrói todo o conceito de Deus como um testemunho celestial. Se você fizer alguma coisa, você mesmo, similar a isso, não há garantia de que haverá a chama divina nele. Isso tem que nascer. Você não pode repeti-lo. Isto, naturalmente, traz um grande significado consigo. Vamos tomar isso como contendo muito mais do que somos capazes de dizer e explicar neste momento. Por toda obra de Deus, lembre-se de que você não pode duplicar ou multiplicar o original. O original é de Deus, não do homem, e tudo que é de Deus tem que nascer como tal; não do homem, não da vontade da carne, mas de Deus. Este é apenas o primeiro passo, mas é um passo bem radical. Não vá por aí dizendo: ‘Vamos ter algo semelhante a isso no lugar onde estamos’. Não tenha a idéia de que pode repetir em qualquer lugar alguma coisa que você pensa ser bom. Se Deus não o fizer, irá quebrar o seu coração se você tentar fazê-lo.

TESTE PARA O APERFEIÇOAMENTO

Então, tendo nascido, ele deve ser colocado sobre uma superfície de teste, da mesma forma como Jesus foi _ uma prova de aperfeiçoamento. Isto não permite qualquer espaço para o pecado, no caso do Senhor Jesus. O fato de a Escritura distintamente dizer que Ele foi aperfeiçoado através do sofrimento (Heb. 2:10) e que “embora fosse Filho, contudo aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Heb. 5:8) – isso não admite qualquer pecado em Sua natureza. Apenas significa que Ele foi colocado no mesmo nível da humanidade, e, numa forma representativa, passou por aquilo que nós temos que passar. Ele era sem pecado, nós com pecado. O princípio é que governa. É a prova em relação à inclinação da vontade. “Tua vontade, não a minha”. Por todos os meios concebíveis _ e concebíveis pela ingenuidade mais diabólica do inferno, toda astúcia e engano da serpente é mais profunda do que a sabedoria humana _ Ele foi atacado no campo da vontade, no sentido de se Ele divergiria, ou poderia divergir um pouquinho da vontade de Seu Pai. Por atração, por fascinação, por suborno, por prêmios oferecidos, por sérias dificuldades, por ataques terríveis, por traição _ Oh, tudo foi usado para tentá-Lo! Porém a Sua vontade permaneceu firme no Pai. Ele foi testado nesse campo, e nós somos testados exatamente da mesma maneira. A igreja tem que seguir esse curso de teste rumo à perfeição. A perfeição, no caso de Jesus, foi simplesmente que Ele levou aquela firmeza até o fim, àquela fidelidade até o final, sem desvio ou perda.

Agora, pela graça de Deus, pela força do Espírito de Deus no interior, Deus está nos chamando a reconhecer que não há contradição com Ele, não há contradição nesse campo. Ele depositou no homem o dom mais sagrado, a liberdade de vontade _ liberdade para fazer escolha, para fazer decisão. Este é um dom sagrado que Ele dá muito valor, para o exercício que Ele sempre chama; e o destino depende do exercício dessa confiança na decisão, na escolha. Deus focaliza atenção sobre isto que é o Seu mais sagrado dom, fazendo o homem um ser moralmente responsável. A contradição seria se, agora que pertencemos ao Senhor, nós nos sentássemos e esperássemos que o Senhor tomasse as decisões por nós, fazer algo que decidiria a questão toda ao nosso respeito, sem que tivéssemos nada a dizer a respeito. Isto seria uma contradição; Deus estaria em contradição consigo mesmo _ contando com a nossa vontade, e, contudo, agindo independentemente dela. Não estou dizendo que não há momentos e questões onde Deus simplesmente intervém e age, mas isto não é normal. O normal é que Deus está procurando ter a nossa vontade cooperando com Ele. Sobre esta base, por meio de todo teste imaginável, o Senhor Jesus foi aperfeiçoado. Nesta direção, você e eu estamos seguindo o Senhor Jesus; nesta linha a Igreja tem que ir, tendo uma só vontade com Deus. Algumas vezes isto significa bastante repúdio à nossa própria vontade, algumas vezes um tremendo ato de decisão que usualmente está focalizada numa crise, a qual chamamos de a vontade de Deus. Isto não é algo passivo, é ativo.

Somos, então, colocados sobre uma base de teste. O vaso tem que ser aperfeiçoado dessa maneira. Oh, não há nenhum caminho de realeza para esse real serviço de Deus, nenhum caminho fácil de entregar tudo ao Senhor, para que Ele faça tudo, de modo que você não precise se preocupar, ou ter algo a dizer, ou a fazer na questão. Isto seria fácil, mas este não é o caminho do Senhor. Cuidado com as armadilhas.

O ATESTADO DE DEUS

Através da prova, vem o atestado. Creio que o batismo do Senhor Jesus representou o extremo de Sua renúncia para Deus. Foi uma previsão da sepultura e da ressurreição - imediatamente seguida pelo atestado de Deus “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. O batismo prefigurou, resumiu toda a Sua vida desde a consagração até o momento de Sua morte, e, por isso, o atestado de Deus vindo do Céu era um testemunho público de que Ele tinha provado a morte, e se entregado a vontade de Deus, e que estava inteiramente morto para a Sua própria vontade, isto é, como uma outra vontade, uma vontade independente, separada de Deus. O ponto é que Deus atraiu a atenção para aquilo que era inteiramente de Si mesmo. Deus jamais chama a atenção para o homem como tal, nem para as nossas obras como tais, ainda que sejam para Ele. Deus chama a atenção para aquilo que é inteiramente de Si mesmo, e Ele poderia chamar a atenção para o Seu Filho durante todo o caminho, e dizer, 'Olhem, prestem atenção, vejam!' E tal instrumento como a vontade tem o testemunho de Jesus nela, seja ela individual ou corporativa, será dessa forma _ que Deus está procurando o tempo todo trabalhar no vaso, para que Ele possa dizer, ‘Eis aí onde estou, isto é o que procuro. Olhem aqui e vocês irão Me encontrar’. Não é glorificando algo, a pessoa, ou qualquer coisa do tipo, mas é chamando atenção para aquilo que é Dele mesmo. Se o Senhor estiver acrescentando à Igreja, você pode ficar muito certo de que Ele não irá edificar algo que não seja Dele mesmo, no qual Ele não esteja inteiramente presente. Era quando a Igreja estava cheia do Espírito Santo, e Cristo reinava no meio, que o Senhor acrescentava à Igreja. Este é o segredo do crescimento, este é o segredo do reavivamento, que Deus tem algo que, dentro dele, Cristo está em tal medida que Ele pode dizer: “Eu vou prosseguir com isso; posso atestar isso; posso acrescentar a isso; posso edificar isso”. Atestado através da prova; aprovado.

E do Senhor Jesus é dito que foi ‘aperfeiçoado ao terceiro dia’ (Luc. 13:32), aperfeiçoado através do sofrimento, e, estando aperfeiçoado, foi recebido na glória. Nada que não esteja aperfeiçoado foi alguma vez recebido na glória. Não pense na glória como sendo apenas um lugar. Pode ser um lugar, mas também é um estado; um estado de glória. É estar glorificado. Jesus, foi provado e atestado, foi glorificado; e a Igreja, o vaso do Seu testemunho, ao longo da mesma linha, seguindo-O, pode ser glorificada e aperfeiçoada, e perfeição significa simplesmente que tudo que não é do Senhor foi tirado, e tudo que está presente é do Senhor. É o Senhor quem é glorificado nos Seus santos. É a Sua glória, não a nossa.

UMA CONTRADIÇÃO PARA O MUNDO

Isto é muito simples, porém você vê qual é a natureza das coisas. Este vaso, este instrumento, este candelabro, tem que significar uma total contradição a tudo aquilo que existe e que não é de Deus; isto significa uma total contradição ao mundo. O que eu quero dizer por mundo? Penso que podemos resumir o mundo, da forma como ele está referido nas Escrituras, em duas palavras _ ganho e orgulho: isto é, a glória que não é a glória de Deus. Não é verdade que o espírito deste mundo é o lucro? Como você pode explicar, ou interpretar, as coisas neste mundo de outra forma, que não seja este _ o lucro? Para ter _ seja território, riqueza, conhecimento, seja lá o que for _ em toda associação o objetivo é o ter, o possuir, o ganhar vantagem, e assim, através do ganho, chegar à sua própria glória. É muito sutil, isto trabalha em todos nós. Podemos pensar que está no mundo, porém está aqui, em nossos corações – para ter alguma gratificação em chegar a uma posição; ficar satisfeito em obter certa eminência, certa influência, algum lugar de poder, alguma possessão. Este é o espírito deste mundo, e que agora está absolutamente contrário a Deus. Cristo é uma contradição a todo esse espírito, e Sua Igreja, este candelabro, instrumento de testemunho, deve ser a corporação dessa contradição _ contrário ao espírito e ao princípio deste mundo; não obter, mas dar; não ser glorificado em si mesmo, mas para que Ele seja glorificado em tudo. O Senhor Jesus não buscou a Sua própria glória, mas a glória daquele que o enviou. Ele disse: “Eu não busco a minha própria glória” (Jo. 8:50), e, pelo contexto, era uma reflexão sobre aqueles ao Seu redor _ até mesmo os líderes religiosos _ que buscavam glória por meio da possessão, da posição, e assim por diante. Não, este é um instrumento que contradiz a tudo, em espírito e em princípio.

Uma Contradição às obras de Satanás

Isto contradiz toda obra de Satanás. Podemos resumir as obras de Satanás em uma palavra? Penso que sim. É a independência. Você traça a história de Satanás nas Escrituras. Você volta lá atrás e descobre que ele se tornou adversário de Deus ao procurar independência. Ele fez com que Adão se tornasse uma tragédia ao imprimir nele o mesmo espírito de independência. "Sereis..." (Gên. 3:5). Independência; isto é nato em nós. Você pode ver isso numa criança mais novinha - como a criança gosta de ser o centro da atenção. Este espírito está lá, e ele está em todos nós. Não pode haver um testemunho verdadeiro de Jesus onde as coisas estão centralizadas em algum homem, ou grupo de homens, ou em qualquer coisa parecida. Oh, como Satanás tem estragado aquilo que, por outro lado, teria sido uma coisa muito preciosa para Deus, colocando algum indivíduo como o foco central de tudo, e fazendo com que tudo gire em torno desse indivíduo; ou fazendo de uma coisa (seja o que for) um instrumento em si mesmo, chamando a atenção para aquilo, a fim de desviar sutilmente a atenção do Senhor. As pessoas, assim, ficam obcecadas por uma coisa, pela obra, um instrumento.

O egoísmo tem muitas maneiras de expressar a si mesmo na obra de Deus; e certamente a tragédia é que as pessoas têm ostentado a si mesmo na obra, têm lucrado, ou buscado por reputação, nome, espaço, reconhecimento e título. Tudo isso tem entrado imperceptivelmente, o Senhor Jesus sendo ocultado por trás de homens e coisas. Não, esse vaso deve ser todo de ouro, e esse testemunho deve ser em sua própria essência, uma contradição a toda obra de Satanás.

Novamente em relação a divisões. Não são uma das maiores obras de Satanás produzir divisões, cismas, conflitos, partidos, facções? Oh, que longa e terrível história da obra de Satanás, que tem estado a dividir o povo de Deus, não cessando até que ele os tenha feito indivíduos fragmentados; nem mesmo permitindo que duas pessoas permaneçam juntas num relacionamento espiritual, se puder tirar proveito daquilo! A batalha por unidade espiritual é uma batalha real contra Satanás e todas as suas forças espirituais. Porém este candelabro é um todo. Não é uma coisa divisível. Não foi feito de pedaços colocados juntos, encaixados na mesma haste. Foi feito para ser uma única peça, todo batido formando uma só peça. Não há emendas aqui, nem lugares dos quais você pode dizer _ ‘aqui é onde um começa e o outro termina; se você for dividi-lo, é aqui que você deve começar o serviço’. Você não pode achar uma fenda, uma rachadura, ou uma junta nisso. Ele é todo, uma única peça, forjada no fogo, forjada pelo martelo. É uma contradição a toda obra de divisão de Satanás. Reconheçamos isto _ que a divisão é obra de Satanás. O testemunho de Jesus contradiz a divisão. É a unidade do grande amor Divino. Não é aí que toda independência é uma coisa perniciosa, perigosa e prejudicial - nossa vida, nossos cursos e decisões independentes?

Pode ser que seja nessa mesma relação que temos luz lançada sobre o Senhor Jesus em Sua escolha de amigos. “Tenho-vos chamado amigos”. (Jo. 15:15). "Eu vos escolhi” (Jo. 15:16). "Ele escolheu os doze, para que estivessem com Ele.” (Mar. 3:14). "... havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim." (Jo. 13:1). Teria sido, em muitos aspectos, muito mais fácil se Ele tivesse ficado sem eles, e seguido sozinho. Conhecendo tudo o que estava envolvido em escolher aqueles homens, por que Ele deliberadamente fez aquilo? Ele passou uma noite em oração antes de fazer aquela escolha, evidentemente não apenas por causa da direção, mas eu deveria dizer por graça. Por quê? Porque ele tinha que desfazer as obras do Diabo em toda aquela força desintegradora na vida humana. Ele podia ter largado mão de um ou de outro dos Seus discípulos a qualquer dia; Ele poderia ter lavado as Suas mãos em relação a eles; porém Ele os amou até o fim. Quando finalmente, como resultado de toda a Sua paciência, misericórdia e amor, você tem aqueles homens intactos _ com a exceção de um que nunca realmente foi parte integrante do todo desde o princípio – e Ele é capaz de dizer: “Guardei-os em Teu nome... e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição” (Jo. 17:12). A obra maligna havia sido desfeita. Há algo mais profundo nisso do que apenas o Senhor ter mantido aquele tipo de fraternidade até o fim. Algo muito profundo foi realizado. É o testemunho de Jesus. É uma contradição à obra de divisão de Satanás, e Deus está querendo um instrumento, um vaso como esse _ um candelabro para manter aquele testemunho; e isto é algo que se deve procurar minuciosamente.

O TESTEMUNHO ANTES DA OBRA

Não é verdade _ embora triste _ que muito frequentemente a obra do Senhor fica ofuscada, ou prejudicada pelos próprios trabalhadores? É uma coisa muito terrível de se dizer, mas é verdade. Os problemas muitas vezes estão relacionados não tanto à obra, mas aos trabalhadores. Eles não conseguem caminhar juntos; não conseguem viver uns com os outros; precisam se mudar de uma parte do campo para outra, devido a incompatibilidade. Por que isso? Você diz naturalmente: isto ocorre porque a obra da Cruz não foi feita neles. Bem verdade; mas também não pode ser igualmente verdade que isto se dá porque a obra tem sido colocada antes do testemunho, ou no lugar do testemunho - que eles tem se lançado por causa da obra, mas não por causa do testemunho? Imagine que eles parassem _ e conferissem, e orassem juntos, e dissessem: ‘Olhe aqui, isto não é testemunho, isto é uma contradição do testemunho de Jesus. Para que estamos aqui? Temos nós percorrido todo este caminho e feito todo este sacrifício meramente para fazer uma obra, porém não ter o testemunho para o Senhor? Pela nossa estada aqui, fazendo tudo isto (ou tentando fazer tudo isto) somos uma contradição direta ao próprio Senhor’. Penso que eles ou iriam sumir e voltar pra casa, ou iriam resolver toda essa questão e dizer: ‘O testemunho vem antes da obra, porque a obra deve ser fruto do testemunho: não deve ser algo a parte. Precisamos encontrar um espaço para caminharmos juntos de uma maneira que glorifique a Deus’. Qual a finalidade, na condição de cristãos, de estarmos aqui na terra? Estamos aqui para fazer uma obra, ou para ser um testemunho? Sim, muitas pessoas estão interessadas na Obra do Senhor, e (em sua fraseologia), preocupadas com o testemunho do Senhor, mas são pessoas muito difíceis de caminhar com elas. Constantemente você se depara com tais casos, e você tem que dizer, 'Bem, eles estão muito preocupados com a obra do Senhor, mas não sei quanto ao testemunho’.

Agora vamos enfrentar isso bem francamente. Nós estamos tremendamente preocupados com o testemunho do Senhor. O testemunho de Jesus é absolutamente abnegado, é o contrário da centralização do ego, de qualquer forma de egoísmo. Isto é o testemunho de Jesus _ não uma obra feita, uma doutrina ensinada, mas Cristo aqui expresso. Mas somos nós pessoas inclinadas a discutir em casa? É difícil para os outros de casa, na família, conviver conosco? Estamos nós sempre gerando dificuldade, tensão e conflito? Esta é a obra de Satanás, e não testemunho. Os cristãos estão aqui nesta terra para o testemunho, e este testemunho deve ser mostrado em nossa capacidade de conviver com os outros. As únicas pessoas que não conseguiram conviver com o Senhor Jesus foram as egoístas. – religiosas ou coisa do tipo. Qualquer outra pessoa achou Ele uma pessoa maravilhosamente fácil de conviver. Oh, não vamos fazer desta palavra ‘testemunho’ alguma coisa diferente disto: o próprio Senhor achado em nós; não coisas de verdade que queremos que as pessoas tenham, mas primeiramente o próprio Senhor.

O Senhor deve, portanto, saber quando Ele já tem aquilo que quer, e é capaz de colocar a Sua mão sobre isso e colocá-lo no lugar onde Ele deseja que esteja. O cristianismo tem se tornado um sistema de coisas. Você possui uma idéia de que foi chamado para a obra do Senhor, e então diz: ‘Agora eu preciso estar preparado para a obra do Senhor', e vai fazer um curso de treinamento em um instituto. Então, quando termina, você diz: ‘Agora estou preparado’. O que você quer dizer com estar preparado? Você quer dizer intelectualmente, teologicamente? Bem, eu não sei até onde isso poderá levá-lo. Só o Senhor sabe quando é que você está preparado. Poderia ser muito bom se, após isso, você voltasse para os seus negócios e esperasse o Senhor confirmar a sua chamada, dizendo a você: ‘'Sim, Eu já tenho o que quero, no que diz respeito a você, e agora irei lhe mostrar o lugar onde Eu quero você’. Você pode confiar no Senhor. Se Ele tem lhe chamado para o Seu serviço, você pode ficar bem certo de que mais cedo ou mais tarde Ele irá confirmar a sua chamada, até mesmo se tiver que voltar para os seus próprios negócios por um tempo. Os discípulos foram chamados, e então eles voltaram para a pesca, e o Senhor veio e lhes confirmou a chamada. Saulo de Tarso foi chamado no caminho de Damasco, mas Ele foi e esperou em Antioquia até que o Senhor viesse e confirmasse a sua chamada, e dissesse: ‘Agora você está pronto, agora Eu tenho o que quero, agora chegou à hora’. Você tem medo disso? Você confia no Senhor a esse respeito? Afinal de contas, é o testemunho que o Senhor deseja, e pode ser que esse testemunho seja produzido naquelas áreas e esferas que você não escolheu. Você pensa que será muito mais fácil para você dar o testemunho se estiver em tempo integral no trabalho espiritual. Você está enganado se pensar assim. Ouça aqui alguém que não é novato nem imaturo hoje. Posso dizer a você que, com todas as exigências da obra espiritual, com todas as oportunidades e exigências para um ministério espiritual com o qual uma pessoa não pode lidar, a coisa mais difícil em todo o mundo é manter o testemunho à altura em relação à exigência; e temos que confessar que é aí que frequentemente falhamos. Aquilo que estamos chamando de testemunho não é o nosso ministério, nosso ensino, nossa obra, os artigos que escrevemos, o discurso que damos; isso não é o testemunho. Isso não vale nada se não houver algo por trás que seja aprovado por Deus. Deus tomaria muitas dores para nos manter a altura do ministério em testemunho. Ele quase interrompeu a trajetória de Moisés, mesmo após tê-lo chamado, e procurou matá-lo. O Senhor tinha comissionado Moisés, porém, contudo está escrito: ‘aconteceu que no caminho... que o Senhor o encontrou, e procurou matá-lo’. (Ex. 4:24). Estava faltando algo na experiência. Você sabe o que era; tinha que atender à exigência. É aquilo que está por trás que é o testemunho, e o Senhor sabe quando Ele tem esse testemunho, e Ele somente pode nos usar quando e onde estivermos prontos para sermos usados. Temos que ser aquilo que o Senhor precisa ter reproduzido em outros lugares, e é a obra do Espírito Santo saber onde está a necessidade e onde está a provisão, e juntar os dois. Havia evidentemente uma necessidade em Antioquia quando Barnabé foi para lá (Atos 11:20-26) e ele, sendo cheio do Espírito Santo, disse: ‘Eu conheço o homem através do qual esta necessidade pode ser satisfeita’, e Ele foi para Tarsos, para trazer Paulo para Antioquia.

O Senhor sabe se você está lá naquela casa com toda a sua monotonia e enfado, e falta de incentivo e interesse; naquele serviço com suas obrigações nada inspiradoras; naquele ambiente de profunda prova. Você está lá para ser aprovado no teste, e, quando o Senhor ver que você está aprovado, Ele dirá: ‘Venha, você é a pessoa que eu quero; há algo mais para você; venha mais para cima’. Permita que seja assim com o teu serviço.

Aquilo tudo está focalizado nisto, que o Senhor quer mais um testemunho do que uma obra. Se colocarmos a obra no lugar do testemunho, teremos confusão. Estamos nesta terra para um testemunho, e isto é o porquê, até mesmo os maiores e mais usados servos, de o Senhor nunca permitir que a obra fique sem nova disciplina, novo sofrimento. Parece uma contradição. A obra parece necessitar do homem; ele não é capaz de fazê-la porque está atravessando tal prova e sofrimento. Que contradição! Mas o Senhor está mais interessado em ter uma medida espiritual no vaso do que ter um monte de obra feita.

Que o Senhor nos ajude nisto, e nos dê graça para aceitá-lo. Sei que não é fácil, mas veja que o Senhor procura um candelabro todo de ouro, para levar um testemunho, não para ser um ornamento, uma peça para ser mostrada, algo que atrai atenção para si mesmo, mas um testemunho para o próprio Senhor.

CAPÍTULO 5 – A CRUZ EM RELAÇÃO AO TESTEMUNHO

Temos nos ocupado até aqui com uma reafirmação daquele testemunho para o qual nós cremos que o Senhor levantou esta instrumentalidade e este ministério desde o início, já há muitos anos atrás. Para nós, o propósito do Senhor no ministério e no instrumento corporativo o qual Ele reuniu nesta representação simbólica do candelabro todo de ouro, o qual tem sido a figura e símbolo através dos anos. Porém muitos têm vindo, e muitos têm ido, e não tem ficado sempre claro a todos os recém chegados o que exatamente é isto que tem permanecido entre nós; e, embora o ministério, em termos bem distintos, tem prosseguido, não tem sido aquilo que temos buscado, reunir todo conhecimento num pequeno espaço, para reapresentá-lo. O Senhor parece ter lançado sobre nós recentemente a necessidade disso.

Dissemos anteriormente que há três principais aspectos do testemunho, representados por meio de três linhas de consideração a respeito do candelabro. O primeiro desses foi a plenitude de Cristo; o segundo, a Igreja como o vaso do testemunho do Senhor. Esses nós já temos considerado. Agora passamos ao terceiro _ que é a necessidade da Cruz como base de tudo.

"Um candelabro todo de ouro." Antes de prosseguir adiante, penso que devo dizer aqui que a palavra impressa à margem é melhor do que aquela que está no texto. Temos aqui ‘candelabro’, e também em outro lugar onde o simbolismo é usado, mas à margem está escrito ‘lamparina.' ‘Lamparina’ realmente é melhor, porque um candelabro dá luz consumindo o seu próprio combustível, enquanto a representação plena da lamparina, como a temos em Zacarias, é um desenho da fonte viva e inesgotável da oliveira, algo muito melhor do que um candelabro (ou um castiçal de vela) que queima de si mesmo. Nós não estamos provendo de nós mesmos o combustível para o testemunho _ nem fomos chamados para fazer isto. O Espírito Santo é o combustível do testemunho; e quando ele vem para dar resistência, poder e real eficácia, há toda a diferença entre o que podemos suprir como velas, e o que Ele pode suprir. Alguém citou para um certo incansável trabalhador que ele não poderia queimar a vela em ambos as extremidades. A resposta foi, naturalmente, Eu posso; apenas depende do comprimento da vela’! Pegue uma vela mais comprida, ela se extinguirá mais cedo ou mais tarde; mas a fonte viva, o Espírito de Deus, é inesgotável.

A LAMPARINA CONSTITUÍDA SOBRE A BASE DA CRUZ

Toda esta lamparina, ou candelabro, foi constituído sobre a base da morte e ressurreição de Cristo. É um fato muito impressionante. Como o candelabro traz isto em evidência! Se você abordasse o objeto real, como ele foi feito, de acordo com as instruções Divinas, e fechasse os seus olhos e pusesse a sua mão na base da haste central, do qual os braços saíam para ambos os lados, e, então, movesse a sua mão da base até em cima dessa haste central, num certo ponto você chegaria sobre algo _ o que é chamado aqui de botão, e não poderia passar dali, aquilo lhe impediria; o deslizar suave para cima seria obstruído. Encontramos algo, alguma coisa planejada para impedir o nosso progresso, que permanece em nosso caminho e nos desafia, algo que nos faz reavaliar o nosso movimento. Porém, havendo considerado isso, você continua se movendo para cima, após o botão, e sente algo mais. O que é? Você sente uma curvatura. Oh, esta é a forma de uma flor com as suas folhas abertas. E, tendo observado isso, você, então, descobre que esta flor é na verdade um copo, um receptáculo, um vaso, um reservatório. Após isso, você se move novamente. Vai mais adiante sem se deparar com nada. Porém aqui a coisa se repete, a mesma coisa novamente _ um botão, uma flor e um copo. E em cima da haste você encontra essa coisa tripartida, não menos do que quatro vezes. Quatro vezes ele interrompe o seu progresso. Então você chega e sente os braços; há três em cada lado. Você pega o braço mais abaixo, examina-o, você chega uma obstrução tripartida semelhante; e, então, um pouco mais adiante, uma repetição disso, e então novamente outra repetição; e, sobre cada um dos seis braços, você encontrará isto repetido três vezes. Quatro vezes sobre a haste e três vezes sobre cada braço. O número preciso de ocorrências, a presença em tal plenitude disso, é algo de que você tem que tomar nota. Não seria suficiente ter uma dessas coisas na própria base, lá no início, e, então, toda parte lisa seguir após isto? Não. Ela é repetida através de todo caminho. Todo o curso deste instrumento, este vaso de testemunho, é marcado por essas três coisas.

A CRUZ – MORTE, RESSURREIÇÃO, PLENITUDE DE VIDA

O que a maçaneta (observação do tradutor: em algumas versões traz ‘botão’, em outras ‘maçaneta’ _ maçaneta se encaixa melhor) representaria, um impedimento, uma obstrução? Você não apenas deixa de seguir adiante, você é preso. Não diz ele: ‘Aqui você deve prestar atenção em alguma coisa de importância. Aqui está a morte do Senhor Jesus, aqui está a Cruz no seu lado da morte _ aquilo que faz você refletir um pouco, aquilo pelo qual você não pode passar sem considerar o seu significado solene.’ Você não pode passar pela Cruz sem considerá-la, você não pode passar por ela e ignorá-la. Quando o Senhor traz a Cruz para o seu caminho, você é levado a refletir, você tem que considerar aquilo em seu coração - o significado da morte do Senhor Jesus.

Mas, então _ e graças a Deus _ no topo está a flor, e é uma flor de amêndoa. Você sabe que a amêndoa é o tipo da ressurreição. A flor da amêndoa _ nova vida, nova esperança, nova perspectiva, ressurreição; a flor da amêndoa _ uma nova estação começa, pois ela é a primeira a florescer na primavera. Ela chega primeiro, como o corredor número um de todas as demais flores, de tudo mais, e ela é profética. Ela diz que a ressurreição é chegada, um novo ano, uma nova primavera, uma nova plenitude. Aqui está a morte e a ressurreição.

E, então, um copo. Aqui está um recipiente, um vaso. O que significa? Bem, certamente ele fala daquilo que contém o fruto da morte e ressurreição _ a nova vida. O Espírito, o Espírito de Vida. "Agora, pois, (por causa da ressurreição) nenhuma condenação há para aquele que está em Cristo Jesus. Porque o Espírito de vida em Cristo Jesus nos livrou da lei do pecado e da morte." (Rom. 8:1-2). Morte, ressurreição, e uma nova vida no vaso em todo lugar.

E, então, acima de tudo, está a lamparina do testemunho, dando luz sobre a morte, a ressurreição e a vida do Espírito, mantendo-os sempre em vista, de modo que na luz que vem de cima você vê que o testemunho de Jesus se relaciona com a sua morte, que diz ‘NÃO’ a todo um reino; e à Sua ressurreição diz ‘SIM’ para um novo reino; e para o poder de uma nova vida, para viver naquele reino que Deus aceita; a luz de cima lança luz sobre isso.

Quatro vezes nós o encontramos na haste _ e quatro é o número da criação. Se alguém está em Cristo, é uma nova criação. (2 Cor. 5:17) – através da morte e da ressurreição. Em Cristo estão os galhos, o todo constituindo uma nova criação. Três vezes em cada galho (braço) nós o encontramos. Três é o número da plenitude Divina. Também é o número da morte e ressurreição. "Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de uma baleia, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no seio da terra”. (Mat. 12:40). "Destruí este templo, e em três dias eu o erguerei”. (João 2:19). "É agora o terceiro dia desde que essas coisas se sucederam”. (Luc 24:21). Três _ morte e ressurreição _ nascimento em todos os galhos daquele testemunho. Isto parece fantasioso? Você deve considerar o simbolismo bíblico. Essas coisas não são sem significado. Deus escreveu os pensamentos Divinos em toda a Sua criação. Assim, dizemos que o vaso do testemunho está constituído sobre o princípio da morte e ressurreição de Cristo.

A CRUZ – UMA EXPERIÊNCIA PRODUZIDA NO INTERIOR

Volte para o livro do Apocalipse, e em seu inicio somos apresentados a “um semelhante ao Filho do homem” Que diz "Eu sou... aquele que vive; eis que estive morto, mas estou vivo para todo sempre" (Apoc. 1:18). E vemos os sete castiçais, e entre eles aquele que vive _ O testemunho de Jesus nos castiçais. E o testemunho é a morte e a ressurreição do Senhor Jesus em cada castiçal, trabalhada dentro da própria substância desse vaso, em puro ouro. Aqueles homens hábeis que foram chamados para fazer este candelabro _ você pode vê-los com suas ferramentas, suas ferramentas agudas e duras, martelando, cortando, trabalhando dolorosamente sobre o ouro, fazendo esses símbolos frequentemente repetidos. Não é algo muito forte dizer que se você e eu, e o povo do Senhor temos que de alguma maneira dar a Ele um vaso de tal testemunho, o testemunho de Jesus, ele será cortado em nós, será martelado e trabalhado em nós. É o resultado de uma profunda e dolorosa obra _ a morte e a ressurreição do Senhor Jesus.

O TESTEMUNHO – A PRESENÇA DO CRISTO RESSURRETO

Eu me pergunto se não foi este o real significado do desafio para as igrejas na Ásia. Quando tudo é dito sobre essas igrejas _ o que estava errado e o que estava certo com elas _ não estava o Senhor, afinal de contas, apenas trazendo-as de volta para o testemunho original? Quando a Igreja começou, como registrado nos primeiros capítulos do livro de Atos, a mensagem e a pregação apostólica não era muito mais do que de Jesus morto e ressuscitado; que Aquele que fora morto tinha ressuscitado; que Ele que fora crucificado, Deus o havia ressuscitado.

Esta era a coisa que eles estavam dizendo por toda parte. Tudo foi construído sobre isso, tudo foi desenhado a partir disso, esta é a coisa básica _ Cristo crucificado e ressuscitado. Era isto que causava todos os problemas. Nada igual tinha jamais sido conhecido antes, era uma coisa que nunca se ouviu. Um homem crucificado _ não havia dúvida de que ele estar morto _ e, sem qualquer toque das mãos humanas ou intervenção de qualquer força física, aquela pessoa ressuscitou da morte e viveu! A afirmação foi que Deus tinha feito aquilo, e, em fazendo aquilo, tinha declarado que tudo naquela pessoa ressuscitada estava de acordo com a Sua própria vontade. Deus não estava identificando a Si mesmo com algo que era apenas parcialmente de Si mesmo. Ele demonstrou o Seu poder na ressurreição porque a situação estava absolutamente de acordo com a Sua vontade. Jesus Cristo está absolutamente de acordo com a vontade de Deus _ todo de Deus. Este foi o testemunho que causou todo o problema; sim, tanto na terra como no inferno.

Agora, por assim falar, no final da dispensação, o Senhor Ressurreto vem para a Igreja e a coloca sobre a primeira base. Ele diria, com efeito: ‘Você tem muitas obras, há muitas coisas boas sobre você, também há alguma coisas más; mas, sejam elas boas ou más, a única pergunta é _ Está com você e dentro de você o poderoso impacto de Minha morte e ressurreição? "Eu sou... o que vive; e estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos”. É este o testemunho que nasce _ não em palavra, mas em poder _ pela sua presença aqui nas nações? ”Penso que é assim que o desafio para as igrejas pode ser verdadeiramente e corretamente resumido, desde o início até o final; como o fim corresponde com o início”. Esta é a base de tudo, e você não pode menosprezar isso.

A IGREJA REPETIDAMENTE TRAZIDA DE VOLTA PARA A CRUZ

Eu não penso que esteja exagerando a aplicação quando digo isto, uma vez que este candelabro, ou candeeiro (ou lamparina) tem em sua construção a constante repetição deste testemunho, a Igreja (e o indivíduo, o filho de Deus também) é repetidamente trazida de volta para a sua fundação e lembrada de que ela não pode esquecer disso. Você não vai longe na vida cristã afastando-se da sua fundação, que é a cruz. A cruz, em ambos os seus lados _ morte e ressurreição _ está sempre presente na história da igreja. Você não pode caminhar como caminhava antes da cruz; como se você pudesse dizer que agora você deixou a cruz para trás, e que chegou a algo que está adiante da cruz. Não, jamais! A verdadeira história espiritual é que você será sempre levado para a cruz. Tem que haver uma aplicação fresca dela. A maçaneta (do candelabro) é encontrada e você não consegue passar adiante, para a vida da ressurreição e para a plenitude do copo (também figura do candelabro) até que permita que o significado da cruz toque tudo que deva ser tocado da velha criação; e isso irá acontecer sempre. É assim que acontece na história espiritual, e deve ser assim.

A Cruz, o Caminho para a Plenitude.

Porém, na medida em que você prossegue _ e você percebe que está se movendo para cima o tempo todo, e, sendo um movimento para cima, é um movimento celestial _ você se aproxima da plenitude celestial, a plenitude da Sua glória; mais próximo daquilo que está no topo _ plenitude espiritual de luz, de testemunho. De glória. Vamos sempre lembrar de que a aplicação da Cruz do Senhor Jesus (seja ela feita inicialmente numa crise básica, ou posteriormente, em tempos diferentes para diferentes propósitos), jamais significa ser outra que não para uma plenitude maior. Oh, não fique erroneamente obcecado com o aspecto de morte de cruz. Muitas pessoas estão tão ocupadas com sua morte e com a necessidade de morrerem que isto acaba sufocando a sua vida espiritual; você não encontra vida espiritual nessas pessoas porque estão muito ocupadas com a sua morte com Cristo. Embora o aspecto da morte seja necessário, ela é apenas o caminho para a flor da amêndoa, (simbolismo) e para o copo da plenitude maior, e é um movimento para cima, um movimento de ressurreição, em direção à plenitude espiritual.

A Cruz, o Caminho da Glória Divina na Igreja.

Naquilo que temos sucintamente dito está contido toda obra espiritual de Deus para garantir para Si mesmo um povo no qual não haja meramente um testemunho verbal dos fatos e da doutrina da morte e da ressurreição do Senhor Jesus, mas pelo Espírito, há uma chama viva, um poder vivo de testemunho, do que realmente aquela morte e ressurreição significa. Quando tudo já foi dito (e eu não vou acrescentar palavras e tentar trazer todo o conteúdo disso), então, o que isso significa, isso equivale a que? Apenas isso _ Deus quer mostrar que Ele é o Deus do impossível, o Deus dos milagres, o Deus que transcende a natureza. Como pode Ele fazer isso melhor? Ele pode fazer isso melhor trazendo-nos, por um lado, a conhecer a morte do Senhor Jesus Cristo para a nossa própria vida, para a nossa própria força, para os nossos próprios recursos, para as nossas próprias habilidades, para a nossa própria auto-suficiência, e tudo isso _ e acabar com tudo na morte, para que sejamos compelidos a dizer: ‘Eu não consigo seguir adiante, eu não posso fazer mais nada, cheguei ao fim’ _ e, então, descobri-Lo como o Deus de um novo início, um miraculoso novo começo, o Deus da ressurreição. O testemunho é _ ‘Se não fosse o Senhor, onde estaríamos? Isto não pode ser explicado de outra maneira senão que é o Senhor fazendo, este é o milagre da ressurreição de Deus. É Deus, e somente Deus’. Este é o testemunho de Jesus. Podemos dizer essas coisas, e provavelmente abraçá-las como verdade, mas, estamos nós preparados para que a Cruz remova todo o chão debaixo dos nossos pés, que nos traga repetidamente para um beco sem saída, que ponha fim a todos os nossos recursos, a toda esperança, como disse Paulo: ‘desesperamo-nos até da vida ...para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus que ressuscita os mortos” (2 Cor. 1:8-9)? Você está preparado para aceitar isso como base de sua vida? Esta é a base da glória. Este é o testemunho. Você não pode produzir isto meramente por meio do ensino que recebe. Este é o perigo _ que possa haver alguém aceitando o ensino, mas não experimentar a vida e o seu poder.

Como estamos terminando estas meditações, penso que seja necessário e correto nos ajoelharmos calmamente na presença do Senhor e ter uma compreensão, uma transação, com Ele, para que não tenhamos meramente um testemunho de palavras, de doutrinas, de informações, mas que possamos verdadeiramente corporificar o testemunho de Jesus no poder do Espírito Santo através da obra interior de Sua morte e ressurreição.

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